25.02.2013 Aufrufe

Untitled

Untitled

Untitled

MEHR ANZEIGEN
WENIGER ANZEIGEN

Erfolgreiche ePaper selbst erstellen

Machen Sie aus Ihren PDF Publikationen ein blätterbares Flipbook mit unserer einzigartigen Google optimierten e-Paper Software.

142<br />

Introdução<br />

Apesar do uso abrangente da denominação língua materna (ale. Muttersprache,<br />

ing. mother tongue), tem-se feito uma série de críticas a ela 2 principalmente devido à<br />

sua imprecisão e às variações de sentido observadas no seu uso. A seguir, pretendese<br />

analisar os problemas ou implicações que o conceito acarreta quando aplicado a<br />

contextos multilíngües, 3 como é o caso de boa parte das comunidades de descendentes<br />

de imigrantes europeus no sul do Brasil enfocadas por nossas pesquisas.<br />

De modo geral, pode-se dizer que, mesmo uma conceituação mais ou menos<br />

razoável, como a que define língua materna como “a primeira língua aprendida no<br />

lar”, 4 não simplifica de modo algum a questão, que se mostra ainda mais complexa<br />

do que se pode supor a priori. Tal complexidade ultrapassa o plano meramente<br />

lingüístico, para abranger adicionalmente aspectos de ordem histórica, social, política,<br />

educacional e psicológica, como tentarei mostrar a seguir. Pensando, por<br />

exemplo, em um falante bilíngüe que, como eu, adquiriu simultaneamente duas<br />

línguas, o Hunsrückisch e o português, poderíamos perguntar: esse falante possui<br />

duas línguas maternas? 5 O que implica o conceito de língua materna? E como<br />

solucionar os diversos problemas inerentes a sua definição?<br />

Problema 1: a versão oficial<br />

dos censos demográficos<br />

Um primeiro exemplo que serve para ilustrar as oscilações de sentido da denominação<br />

língua materna é dado pelos censos demográficos no Canadá, portanto um<br />

país eminentemente multilíngüe que abriga duas grandes línguas nacionais, o inglês<br />

e o francês. Como observa Romaine (1994, p. 37), até 1941 a mother tongue aparece<br />

nesses censos como sendo “a primeira língua aprendida pelo respondente e ainda<br />

falada [grifo nosso]”. De 1941 até depois de 1976, contudo, passa-se a uma definição<br />

de “primeira língua aprendida e ainda compreendida [grifo nosso]”. A mu-<br />

2. Vejam-se Apeltauer (1997, p. 10) e Romaine (1994, p. 37).<br />

3. Cf. Crystal (1997, p. 289): “In many of the more multilingual communities in the world, it is<br />

not even easy to answer the simple question, ‘What is your mother tongue?’”.<br />

4. Weinreich (1974, p. 88): “Notwithstanding the reservations about the term ‘mother tongue’<br />

when applied vaguely [...], the expression can be utilized in the present technical sense as<br />

‘the language learned first’”.<br />

5. Sobre a língua materna do indivíduo bilíngüe, vejam-se dificuldades em Kielhöfer & Jonekeit<br />

(1983, p. 19), que concluem pela pouca utilidade do conceito Muttersprache (“in seiner<br />

Irrationalität wenig hilfreich”).

Hurra! Ihre Datei wurde hochgeladen und ist bereit für die Veröffentlichung.

Erfolgreich gespeichert!

Leider ist etwas schief gelaufen!