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simultaneidade. Nas comunidades bilíngües do sul do Brasil, observam-se, é certo,<br />

oscilações quanto à determinação do momento de aprendizagem do português,<br />

seja como língua do meio usada simultaneamente com o alemão, ou apenas<br />

a partir da entrada na escola, como ainda acontece em áreas mais isoladas<br />

do interior do país.<br />

Talvez o caso mais simultâneo de aprendizagem de duas línguas seja o da<br />

educação bilíngüe no lar, utilizando o que, nos estudos de aquisição da linguagem,<br />

se conhece por princípio de Grammont: une personne, une langue. Segundo<br />

esse princípio, o pai e a mãe, com línguas diferentes, devem usar sempre a mesma<br />

língua e apenas uma, na interação com a criança, a fim de que esta, associando<br />

cada uma das línguas à respectiva pessoa, as aprenda de modo separado. Um<br />

exemplo de aplicação desse princípio é dado por Kielhöfer & Jonekeit (1983),<br />

que descrevem, em um estudo longitudinal, como tornaram seus dois filhos,<br />

Oliver e Jens, bilíngües em alemão (língua usada pelo pai e pelo meio, em Berlim,<br />

onde moravam) e em francês (língua usada pela mãe e pelos avós, na França).<br />

Para mim, como pai de uma criança (Amanda, com menos de um ano), a decisão<br />

em favor de uma educação bilíngüe representa uma experiência desafiadora,<br />

com a qual se defronta a maioria dos pais, quando se perguntam sobre o futuro<br />

lingüístico de seus filhos.<br />

Pesam sobre essa decisão atitudes negativas e positivas em relação ao bilingüismo,<br />

algumas de caráter extremamente ideológico e ofensivo, como a de que<br />

a criança bilíngüe “não teria língua materna”. 7 Tal preconceito vai contra todas<br />

as pesquisas mais sérias sobre o bilingüismo, as quais apontam evidências cada<br />

vez maiores de que há mais benefícios do que eventuais prejuízos na educação<br />

bilíngüe. 8 Vale lembrar o exemplo de Charles Berlitz, que relata o seguinte:<br />

“Quando comecei a falar, aprendi quatro idiomas diferentes ao mesmo<br />

tempo, cada membro da família dirigindo-se a mim exclusivamente num<br />

deles. Com idade tão tenra, não percebia que se tratava de idiomas<br />

mundiais, mas achava que eram apenas maneiras diferentes de as pessoas<br />

se expressarem, o que, quando se examina a questão, é uma boa<br />

maneira de definir linguagem.” (Berlitz 1988, p. 9)<br />

Retornando à pergunta se é possível ter duas ou mais línguas maternas, podemos<br />

concluir que, muito mais do que investigar essa possibilidade, o que se sobressai<br />

na análise da questão é a necessidade de definir melhor o que implica a noção<br />

7. Veja-se o levantamento de prós e contras do bilingüismo na literatura mais antiga, em<br />

Kielhöfer & Jonekeit (1983, p. 9-10).<br />

8. Veja-se Titone (1975, p.6-7; 1983, p. 150).

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