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interesseiros. Nos templos ninguém se apropriava de objetos alheios: “Em ambas comunhões<br />

a casa de oração tem bancos, com a diferença que nos protestantes estes<br />

são munidos de estantes, onde pousam as Bíblias dos fiéis... Fervorosamente devotos...<br />

não excedem os de uma comunhão dos da outra na prática dos seus deveres: qualquer<br />

objeto perdido no templo é no templo guardado à vista de todos para que o dono<br />

desse objeto tome conta dele quando ali voltar... É pena que os espíritos interesseiros<br />

busquem ali... a discórdia religiosa entre tão bons adoradores do Crucificado, como se<br />

as diferenças entre eles fossem as que existem entre a cruz e a meia lua...” 39<br />

Lopes referiu-se aos colonos como um povo honrado, trabalhador, festivo e presa<br />

fácil para negociantes e filósofos de boa fé: “onde os sentimentos de nacionalidade<br />

brasileira são interiamente desconhecidos... Não obstante isto, o povo é honrado,<br />

modesto e timorato, para prová-lo basta declarar que é necessariamente laborioso<br />

e religioso, e que sua consciência é, como deve ser, filha de suas convicções...<br />

Cada domingo, pais e filhos, amas e criados, dançam freneticamente até alta noite<br />

nas casas de baile mais próximas, mas ao amanhecer do dia seguinte todos estão<br />

em seus postos... Esses bailes são dados em casas, que embora construídas para<br />

outros misteres, são feitas em condições de salões de baile... Será conveniente<br />

guardar segredo sobre esta matéria, mas, digamos de passagem, que existe um<br />

ciúme infundado e alimentado entre as duas comunhões por um ou outro filósofo<br />

de boa fé, mas também, muitas vezes, por quem, fingindo-se amigo dos alemães,<br />

para monopolizar o proveito dos seus trabalhos agrícolas, não tem dúvidas de se<br />

declarar católico ou evangélico, conforme o grupo a quem fala...” 40<br />

No relatório de Lopes há também a descrição de um kerb, “quer dizer, a festa<br />

pelo aniversário da inauguração de um templo alemão”. 41 Segundo o sociólogo<br />

Jean Roche: “embora tenha perdido progressivamente seu caráter essencialmente<br />

religioso, para tornar-se a festa da povoação, e reúna sempre, na mesma data,<br />

protestantes e católicos, é a festa que menos mudou desde o começo da colonização...<br />

Quando o caráter religioso diminuiu ou quando a festa se tornou comum<br />

aos dois credos, também se consagra a tarde à dança”. 42 A hipótese de Roche<br />

operacionaliza uma compreensão de religião “essencialmente” dualista: sagrado<br />

como primitivo e profano como cultural. Um dos efeitos de tal ciência social é a<br />

naturalização da religiosidade colona como “originariamente” denominacional<br />

39. Idem.<br />

40. Idem.<br />

41. Idem.<br />

42. Jean Roche, A Colonização Alemã e o Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Editora Globo, 1969,<br />

p. 642. Janaína Amado parece concordar com o dualismo de Roche, Conflito Social no Brasil,<br />

São Paulo, Editora Símbolo, 1978, p. 48.

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