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(algo pleiteado por Borchard et alii). Assim, perde-se de vista a combinação colona
de religião com trabalho diário e festa comunitária:
“Nestes dias, além da festa propriamente dita da igreja, todas as casas de baile
do povoado se decoram com cortinas e cestões de flores. Na frente dela se levanta
um mastro também enfeitado de folhas e flores tendo... uma garrafa. Outras tantas
garrafas de vinho se enterram, escondidas no solo. A certa hora do dia saem das
casas de baile grupos de rapazes, precedidos de música; e munidos de pás, picaretas
e enxadas cavam aqui e acolá, até acharem as garrafas, que ficam pertencendo
a quem as descobre. Neste trajeto a música toca apressada ou pausadamente,
conforme a garrafa procurada se acha mais perto ou mais longe. Daqui por diante
dança-se freneticamente, e por espaço de três dias”. 43
Seis anos mais tarde, a festa comunitária deu lugar à guerra fratricida. Na edição
de 10 de dezembro de 1873, o Deutsche Zeitung publica que:
“As ações [dos Mucker] são perniciosas e o governo precisa reprimi-la com
todos os meios disponíveis. As práticas da seita são imorais: exercitam o comunismo
em diversas formas, estendendo-o até o casamento... Ensinam que ‘o mundo
somente será bom quando a idade de ouro chegar, quando os rebentos forem
pegos pelos pés e as suas cabeças batidas contra as paredes’... As ações desta seita
são perigosas para a comunidade, pois divulgam que ‘quem não pertence a ela
pode ser contado entre os mortos’, e que é legítimo atirar contra os incrédulos, e
que a pessoa não tem então mais pecados do que se tivesse atirado contra animais...
As ações desta seita são perigosas para o estado, pois preparam a revolução
e desprezam as leis; estão armados até os dentes... Eles têm infra-estrutura suficiente
para tornar esta sociedade inativa...
“Caso a motivação deles fosse somente de natureza religiosa, e caso existisse
entre eles ao menos um pouco de senso comum, então deveria-se permitir que isso
fosse levado adiante — a história ensina que as repressões multiplicam as seitas
religiosas ao invés de acabarem com elas... A história também ensina, especificamente
a estatística criminal, os tremendos danos ocasionados pela loucura religiosa.
A forma pura desta associação é tão insensata e tão sem sentido quanto o seu
agir; não merecem, pois, nenhum direito... Eles adoram uma mulher como a Cristo;
ela, aliás, com mais razão, deveria ser chamada de p... [puta] babilônica. Para este
bando só resta abrigo na prisão ou no manicômio... Eles são devotos de todos os
atos de maldade e operam sobre a sociedade como um veneno de morte que
destrói o organismo humano... Caso o governo não libertar a sociedade deste
monstro, os moradores das colônias farão justiça de linchamento a fim de assegu-
43. Arquivo Nacional, “Considerações Gerais...”, código 807, v. 16.
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