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riam segundo a experiência individual de cada falante: língua mais dominante,<br />

língua aprendida da mãe, primeira língua, dialeto de casa, ou mesmo, na nossa<br />

realidade, o próprio português (v. seção 10).<br />

Não existe, porém, um levantamento sistemático do(s) emprego(s) da denominação<br />

língua materna no senso comum. A sua introdução no uso corrente pode<br />

ter uma origem variada, embora predomine aparentemente a influência semântica<br />

do adjetivo “materno”, o qual conduz à associação do conceito com o âmbito<br />

da “família” e da “aquisição da língua pela criança”.<br />

Valem, para a solução deste problema, os mesmos argumentos apresentados<br />

anteriormente, quando se colocou o esforço em definir critérios para determinar a<br />

medida em que uma língua X seria considerada a língua materna de um indivíduo.<br />

O certo é que é preciso abandonar as conotações sociais, para abordar o conceito<br />

em termos de sua aquisição concreta na vida dos falantes.<br />

Problema 4: do mito histórico da língua materna<br />

Na verdade, a expressão língua materna encontra raízes históricas na tradição<br />

católica romana medieval, onde se opunha ao latim, para designar a língua aprendida<br />

e falada “naturalmente” no lar. Originariamente, a denominação<br />

(Muttersprache) teria sido empregada por monges católicos para designar uma<br />

determinada língua da qual faziam uso em lugar do latim, quando falavam da<br />

cátedra. 11 Segundo ainda uma observação de Kemp (1999), a aquisição do latim<br />

surgia como marca de prestígio de domínio eminentemente masculino, associando-se<br />

a língua materna, diferentemente, à mulher, que permanecia no lar:<br />

“In the middle ages, Latin language acquisition usually involved the<br />

(male) student’s physical removal from the home (and women) to the<br />

all-male grammar school (or perhaps a cathedral school) where he<br />

would differentiate himself from both all women and laymen by learning<br />

to speak and write Latin. Latin language would distinguish him as a<br />

member of an elite minority and therefore suited to participation in<br />

the mysteries of theology”. (Kemp 1999, p. 235) 12<br />

11. Cf. Ilich (1982, p. 33ss. apud Apeltauer 1997, p. 10).<br />

12. Tradução: “No período medieval, a aquisição da língua latina normalmente envolvia a<br />

remoção física de estudantes (homens) do lar (e das mulheres) para a escola de gramática<br />

(ou talvez uma escola catedral) só de homens, onde ele se diferenciaria tanto das mulheres<br />

quanto dos homens leigos por aprender a falar e a escrever em latim. A língua latina o<br />

distinguiria como um membro de uma elite minoritária e por isso sujeita à participação nos<br />

mistérios da teologia”.

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