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desses mercenários fixaram residência nas colônias de São Leopoldo, trabalhando,<br />

por exemplo, como professores, jornalistas e comerciantes. Os Brummer tornaram-se<br />

os catalisadores de uma emergente burguesia “alemã” na região. Por volta de 1860, a<br />

região de São Leopoldo prosperava, fornecendo produtos agrícolas para os mercados<br />

da capital Porto Alegre e já atraindo interesses e investimentos da Inglaterrra (construção<br />

da estrada de ferro ligando São Leopoldo às colônias) e, principalmente, da Alemanha<br />

(comércio). Brummer Karl von Koseritz (jornalista e político diretor do Deutsche<br />

Zeitung desde 1864), encabeçava as tentativas desta burguesia (hiesiges Deutschtum —<br />

germanismo local) de consolidar politicamente seu crescente bem-estar econômico.<br />

Essa consolidação aconteceria em aliança e em confronto com as organizações<br />

missionárias protestante e jesuíta, e sob a égide comum de uma expansão patriótica<br />

alemã no contexto de um estado brasileiro pós-colonial.<br />

A intervenção pastoral de Borchard e dos que o seguiram é parte da miríade de<br />

práticas discursivas e instituições que deram forma ao germanismo local, hiesiges<br />

Deutschtum, a partir de meados de 1860, em contraposição à autóctone cultura<br />

colona vivida no sul do Brasil. Neste ensaio apresento reações de Karl von Koseritz<br />

ao projeto sinodal evangélico encabeçado pelo pastor Borchard e, mais tarde,<br />

pelo pastor Kleingünther. Trata-se de explicitar conexões desse projeto eclesiástico<br />

com o ideário de Koseritz a partir de conflitos ocorridos durante maio e junho de<br />

1873 nas comunidades evangélicas de Porto Alegre e da colônia de Linha Nova:<br />

aqui diferenças individuais e populacionais eram mapeadas no plano congregacional.<br />

Exatamente no período em questão, os participantes das reuniões ao<br />

redor dos transes e interpretações bíblicas de Jacobina e dos remédios preparados<br />

por seu marido, João Jorge Maurer (o casal era membro da Comunidade Evangélica<br />

de Sapiranga), eram publicamente denominados como Mucker (“muito religiosos,<br />

intolerantes”). 2 A fim de localizar os primórdios do empreendimento oficial<br />

evangélico no panorama imperial brasileiro, apresento fragmentos das “Considerações<br />

Gerais do Comissário do Governo de São Leopoldo, José Joaquim Rodrigues<br />

Lopes, sobre a ex-Colônia de São Leopoldo, em 1867” — relato orientado por<br />

alegações de separatismo no extremo Sul. Nesse registro de cunho etnográfico<br />

entrevê-se o projeto em andamento de uma naturalização de colonos como sen-<br />

2. Os materiais aqui apresentados são oriundos da minha tese de doutoramento “Jammerthal,<br />

The Valley of Lamentation — The Mucker War: A Contribution to the History of Local<br />

Germanism in 19th Century Southern Brazil”. Ann Harbor, UMI Dissertation Services, 1996.<br />

Vide meus artigos: “Apontamentos para uma Arqueologia dos Mucker” in Psicanálise e<br />

Ilusões Contemporâneas / Associação Psicanalítica de Porto Alegre, Porto Alegre, Artes e<br />

Ofícios, 1994; “Uma Tribo que Pensa e Negocia em Alemão” in René Gertz and Luis A. Fischer<br />

(eds.), Nós, os Teuto-gaúchos, Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1996; “Jammerthal, the<br />

Valley of Lamentation: Kultur, War Trauma, and Subjectivity in Nineteenth-Century Brazil” in<br />

Journal of Latin American Cultural Studies 8 (2): 171-98.<br />

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