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variedade dialetal de imigrantes, “língua da família” e marca distintiva do grupo<br />

muitas vezes estigmatizada pela escola, deve haver qualquer interferência afetiva,<br />

consciente ou inconsciente, do Hunsrückisch nos hábitos lingüísticos até mesmo<br />

em português. Basta observar a fala dos jovens, quando acentuam os traços de<br />

interferência do alemão no português, principalmente na prosódia, para expressar a<br />

solidariedade ao grupo e o respeito aos mais velhos, identificados com o alemão.<br />

Como já se mencionou acima no tocante ao papel da mãe no processo de aquisição,<br />

os adultos estabelecem um estilo de fala específico ao interagirem com as crianças.<br />

Analisando as características desse estilo, chamado de baby talk, ou Motherese,<br />

observamos traços, como a abundância de diminutivos e a entonação, os quais<br />

enaltecem a carga de afetividade da interação. Zollinger (1991, p. 48ss.) cita, ainda<br />

entre esses traços, as imitações ou expansões da fala da criança (entre 16 e 30%<br />

do total de enunciados); a formulação de perguntas (W-Fragen ou Ja-Nein-Fragen)<br />

como base da interação verbal (30-50% dos enunciados); fatores referenciais (ligados<br />

à situação momentânea da interação, ao aqui e agora), refletidos no grande uso<br />

de dêixis; simplificação sintática (considerando a extensão média dos enunciados);<br />

a prosódia específica (segundo estudos, com freqüência média de 267 Hz em<br />

comparação com 200 Hz de adultos); a velocidade da fala mais reduzida e clara<br />

(em média 34-75 palavras /min. em comparação com 100-170 palavras/min. de adultos).<br />

Em suma, a prosódia específica estaria associada primordialmente à função afetiva<br />

e à conquista de atenção, enquanto os demais traços teriam mais a função de facilitar<br />

a compreensão, assumindo uma função mais comunicativa.<br />

No caso de crianças falantes de Hunsrückisch, a questão torna-se ainda mais<br />

complexa. Muitas vezes, verifica-se a tendência dos adultos de alternarem o código<br />

para o português, ao se dirigirem a crianças. 31 Será esse um reflexo de sua<br />

crença de que “os mais jovens falam primordialmente o português”, buscando por<br />

isso garantir expressividade e êxito na comunicação? Ou será essa uma atitude<br />

afetiva, com a qual se expressam seus valores e emoções? Seria necessário um<br />

estudo mais sistemático e controlado para avaliar melhor essas questões. O que se<br />

tem, por enquanto, são indícios de que, apesar da influência do português, o<br />

Hunsrückisch apresenta um estilo particular de baby talk que integra elementos do<br />

português à base dialetal alemã. Citem-se alguns exemplos dessa fala, com destaque<br />

para os diminutivos, que se estendem a diferentes classes gramaticais: 32<br />

31. “Pela observação participante, deparei-me com inúmeras situações em que pessoas de<br />

mais idade, ao se dirigirem a interlocutores mais jovens, principalmente crianças, optavam<br />

(até com certa ênfase) pelo português. Quer dizer, o português é visto pelos mais velhos<br />

como sendo a língua dos jovens (“das junge Volik”)” (Altenhofen 1990, p. 192s.).<br />

32. Compare-se com exemplos dados por Stoel-Gammon (1976), para o português.

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