25.02.2013 Aufrufe

Untitled

Untitled

Untitled

MEHR ANZEIGEN
WENIGER ANZEIGEN

Erfolgreiche ePaper selbst erstellen

Machen Sie aus Ihren PDF Publikationen ein blätterbares Flipbook mit unserer einzigartigen Google optimierten e-Paper Software.

148<br />

que dá o Dicionário Houaiss, que define l. materna como “LING A primeira língua<br />

aprendida por uma pessoa na infância, ger. a de sua mãe; língua nativa”. 18<br />

Constatamos, assim, no âmbito lexicográfico, evidências de uma mudança de<br />

definição da expressão língua materna que abandona o ponto de vista históricopolítico<br />

e incorpora contribuições da área da lingüística, no seu emprego atual. Tal<br />

mudança de perspectiva corrige uma situação capaz de produzir equívocos na<br />

comunicação, sobretudo quando está em jogo a questão da língua nacional.<br />

Um fato que ilustra bem tal confusão de sentido foi registrado durante o XII Encontro<br />

da FECAB, realizado em 2001. Alguns bilíngües alemão-português, brasileiros nascidos<br />

no Brasil, teriam sido repreendidos por terem dito que a sua “língua materna era<br />

o alemão”. Enquanto emissores da mensagem, estavam usando a expressão com o<br />

significado atual dado pelos Dicionários Houaiss e Aurélio (3. ed.). Os receptores da<br />

mensagem, porém, a decodificavam de acordo com o significado dado pelos dicionários<br />

mais antigos, ou seja como “língua do país natal”, que, na sua visão, deveria<br />

corresponder ao “português”, uma vez que estavam no Brasil e eram brasileiros.<br />

Problema 5: a língua da mãe?<br />

Uma das críticas mais correntes à expressão língua materna baseia-se na<br />

constatação de que nem sempre é a língua da mãe a que realmente passa para os<br />

filhos. Essa constatação comporta dois lados. O primeiro, de ordem sociocultural,<br />

é lembrado por Romaine (1994, p. 37-8), quando menciona a existência de comunidades,<br />

como a dos Vaupés na Colômbia e Brasil, onde a primeira língua é transmitida<br />

às crianças por meio do pai. Além disso, em casamentos exogâmicos, nos quais<br />

se unem marido e esposa de grupos lingüísticos diferentes, não seria exagero falar<br />

em língua materna e paterna, já que as crianças se tornam fluentes em ambas as<br />

línguas, sendo uma delas da parte não-materna, ou seja, do pai.<br />

Na verdade, verifica-se, a partir das pesquisas de aquisição da linguagem, que<br />

existe uma tendência de que as crianças adquiram a língua essencialmente de<br />

outras crianças, ou de seus pares de mesma idade. 19 Essa posição pode ser constatada<br />

no exemplo dado por Jespersen (apud Apeltauer 1997, p. 10), quando observa,<br />

em famílias dinamarquesas, que, embora muitas mães conservassem um forte<br />

sotaque norueguês, seus filhos falavam um dinamarquês com pronúncia igual à<br />

18. HOUAISS, Antônio & VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de<br />

Janeiro : Objetiva, 2001. 2922 p.<br />

19. Cf. Weinreich; Labov & Herzog (1971, p. 145).

Hurra! Ihre Datei wurde hochgeladen und ist bereit für die Veröffentlichung.

Erfolgreich gespeichert!

Leider ist etwas schief gelaufen!