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conquistas de gente de ouvido fechado para o valor e o respeito ao
próximo.
Eram criaturas que também haviam perdido seres que amavam e que
nem entendiam a razão de terem sido lançados por ali, levados pelas
mãos de negociantes de escravos impiedosos.
Cornélia entendeu que sua responsabilidade, entre eles, seria apenas
o amparo material. Poderia utilizar a sua riqueza daquela forma:
entregando-lhes alimentos e boas estalagens na caminhada. Neles,
sentia o gesto de confiança.
Boanerges, que a conhecia muito bem, notou a avalanche de
sentimentos que a tocava e que ia acompanhá-la, por certo, na longa
peregrinação. Sabia que a cada segundo estaria relembrando os
reveses sofridos ali, pela morte do Anjo Magnífico, despojado de
suas vestes e crucificado junto de bandoleiros. Um ato infame que
ela não compreendia se era devido aos judeus, à perversidade dos
romanos, ou às circunstâncias normais do destino de todos.
Logo que saíram, Cornélia teve a impressão nítida de ouvir
chegando, com a brisa fresca daquelas primeiras horas de um dia,
um murmúrio baixinho de Joshua a lhe desejar uma boa colheita.
No imo, intuía que para lá não mais voltaria, mas isso não a
preocupava. Poderia até vestir o traje daqueles velhos pescadores,
prontos a lançar redes para o alcance dos peixes que iam suprir a
própria família. Assim se sentia, certa de que Joshua estaria com ela.
Não há necessidade de qualquer referência sobre o percurso
vencido, porque Boanerges era realmente um bom timoneiro. Nada
havia sido esquecido por ele e nem por Timóteo.
Atingiram um portão de Roma, quando as primeiras estrelas
acendiam o lampadário do céu límpido e sem nuvens. Mas foram
surpreendidos com uma escolta que os aguardava ali. Hannah se
antecipara à surpresa que Cornélia lhe faria e havia conseguido, por
intermédio de Fábio, que um oficial do exército romano os
encontrasse e os acompanhasse até uma vivenda reservada para eles.
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