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que os romanos vêm construindo. Esquece que existem os que
desejam que sua raça evolua para todo o sempre, são amantes da paz
e da prosperidade, e que contam, ainda, com a certeza de que
acontecerá mesmo, um dia, a vinda de um Messias. Não colocam o
filho do carpinteiro nesse papel.
Cornélia interferiu:
- Se o amigo de Lélia está participando do exército como forma de
resgatar o povo romano das garras da ambição, eu acho que ele
escolheu uma forma magnífica de se entregar ao amor.
- Com você nem vou argumentar, Cornélia - reclamou Aurélia. -
Mudei muito nesses últimos dias. Não consigo mais ver o povo
judeu com a mesma imagem de antes. Eu acho que eles estão
começando a roubar os meus filhos.
- Engana-se, Aurélia - voltou Lélia. - Talvez você esteja magoada,
porque seus filhos estão inseridos em tarefas que dizem respeito aos
judeus que passaram a seguir o cristianismo. Mas uma grande parte
deste povo não trocou nem um milímetro do modo de ser. Eu tenho
conhecido alguns - ela informou - seguidores ou não. No caso dos
segundos, são convictos de uma Divindade Maior, para quem a
figura do Crucificado é uma vergonha. Mas não abandonaram suas
tradições e me pareceram excelentes pessoas .
- Bem, são os cristãos os responsáveis pelo desmoronamento de
meus sonhos - Aurélia insistiu.
- Então eu acho que você é que precisa conversar com Cléon,
Aurélia - argumentou Lélia. - Aí entenderia a diferença entre amor à
pátria e amor divino.
- Não adianta! - Aurélia queixou-se. - Sou minoria aqui. Você,
Cornélia, meus filhos e talvez até Hannah foram contagiados por
esses cristãos. Eu não consigo entender!! Essa exclamação era quase
um grito de angústia dessa mulher romana que não conseguia
direcionar sua visão para um espelho que não contivesse senão a
própria imagem.
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