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Oito
Cornélia atravessou a porteirinha rústica e entrou em um extenso
quintal, onde havia algumas árvores frutíferas e ovelhas de um
pequeno rebanho. Aliás, o rebanho era grande, mas dividido entre
vários amigos que não possuíam posses para cuidá-lo sozinhos.
Assim, uma parte permanecia ali, com a família de Abigail, perto de
Nazaré.
Abigail, a dona da casa, saudou Cornélia e puseram-se a conversar,
a respeito de uma reunião programada para aquela noite.
- Agora que você já participa das nossas pregações, já sabe que há
necessidade de grandes cuidados de nossa parte, Cornélia. Os
poderes se vêem fortalecidos e há testemunhos de que alguns dos
meus amigos já se encontram nas malhas dos ferozes romanos, que
se recusam a ouvir expressões de paz e igualdade para todos. Esses
altos senhores se encontram insatisfeitos e desvinculados de
qualquer tipo de amor, pois preferem pautar seus rumos pela lei do
comando. Quem não os aceita é açoitado e colocado em locais
abomináveis, tornando-se servos malditos desses senhores
desventurados.
- Tenho para mim, Abigail, que essas horas que vivemos por aqui
serão infames e também catalisadoras.
- Não entendo o que está me dizendo, Cornélia, só sei o que meu
coração me passa. E ele me diz que preciso respirar o aroma
diferente trazido por Joshua, o Messias. Tenho certeza absoluta de
que ele vai nos conduzir exatamente como Moisés, tirando o meu
povo do cativeiro.
- Ah, Abigail, é difícil para mim compreender isto. Sou totalmente
inculta sobre o que vocês, judeus, pensam. Fui instruída de forma
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