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Dez
Numa sólida casa construída ao redor de um pátio, à maneira grega,
e que fora mandada erigir por um rico romano, vivia Hannah com
uma senhora de nome ilustre, Aurélia.
Aurélia era descendente dos famosos Gracos, cujos feitos eram
elogiados por todos os romanos que se viam como deuses. Senhora
de boa cultura, de grande firmeza na realização de seus desejos e
mãe de dois filhos varões que pertenciam ao exército romano.
O prestígio do nome de seus antepassados lhe valera a facilidade de
educar os rapazes, após a morte de seu esposo, ocorrida quando as
crianças ainda eram púberes. Havia entregue a eles as suas energias,
benesses e razão de sua existência. Vivia por eles, lutava por eles e
sorria por eles. Tal capacidade de desprendimento tinha valido a
Hannah, pelo convívio com ela, uma das faces do exemplo também
adquirido por Cornélia enquanto seguia Joshua.
Só que Aurélia, a matrona romana, tinha a mesma estrutura de seus
antepassados, isto é, valia-se da figura da mulher com o mesmo
fervor daquelas que haviam lutado por seus filhos para fazê-los altos
dirigentes. Não possuía, portanto, o pensamento de Joshua “de que
as criaturas eram todas iguais e de que todos somos irmãos e filhos
do mesmo Pai”.
Para Aurélia, o império romano é que deveria estruturar os
costumes, os hábitos e, se possível, até o sentimento dos judeus.
Judeu, segundo sua opinião, era um povo que deveria ser submetido
ao tacão dos romanos, porque não possuíam a mesma estrutura e
nem a disciplina ou a oratória de sua própria gente tão apaixonada
por conquistas. Ela não entendia que o povo judeu lutava fortemente
por sua liberdade; acreditava piamente que eram submissos e
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