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Dezesseis
Numa villa de altos funcionários de Roma, reuniram-se grandes
senhores. Eram os prosélitos do Imperador, que tinham nas mãos
uma batuta para comandar os acertos e desacertos da época.
A figura mais imponente representava o rei do grande tabuleiro de
xadrez, só que nunca andava pari passu com a rainha, porque sua
esposa preferia comandar sozinha os próprios peões.
As mulheres de Roma se encantavam com poderio e brilho. Eram
perfeitamente cientes de que a própria mulher crescia com a riqueza
da sociedade. Só não saíam comandando um exército, porque
precisavam se manter atentas em seus territórios para o próximo
lance do jogo e para espalhar, a seu redor, as iscas. Com isso,
recolhiam os dados que, acrescidos de suas preferências individuais,
iam apresentar em suas mãos o jogo mais ou menos imaginado por
elas.
Sim, mais ou menos, porque era tão grande a variedade de interesses
ocultos nesse jogo organizado, que nem sempre obtinham o final
desejado.
Num ambiente onde as intrigas palacianas e as conversas se
sucediam no diapasão do volúvel e do insensato, Aurélia foi se
colocar, sempre pensando em manter o brilho das conquistas para os
filhos. Agora, já planejava requisitar um mais alto posto de
comando, do que aquele que lhes tinha sido conferido pelo anterior
comandante, ao enviá-los para Roma. Tão aturdida por esses
encantos bem vulneráveis, não observou que o filho Licínio já
caminhava em direção quase oposta à dela, pois ele começava a
interessar-se pelos cristãos. Diz-se direção "quase" oposta, porque
ele nunca havia deixado de amar a mãe.
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