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- Dê-me uma chance. Eu posso aprender.
Dali em diante, viu-se lado a lado com ele, caminhando por vielas
escuras e sombrias. Depois, atravessando caminhos iluminados pelo
sol abrasante e espaços abertos onde a brisa não encontrava
obstáculos. Até que avistaram um pórtico quase em ruínas. Mas, ao
transpô-lo, uma paisagem diferente os acolheu. Um jardim com
pérgulas floridas se espreguiçava na lateral de uma construção
baixa. E, na frente da casa, um menino de seis anos. Ao avistar o
pai, ele correu para abraçá-lo.
- Cumprimente a senhora, meu filho - disse o árabe, sorrindo.
Somente naquele momento, Cornélia começou a observar o porte
avantajado do árabe e a longa veste azul, acompanhando seus passos
ágeis. E reconheceu, nele, Omar.
O garotinho fez um movimento engraçado com a cabeça de cabelos
tão negros quanto os do pai, e pronunciou algumas palavras que
pareciam ter sido ensaiadas para algumas ocasiões, mas cheias de
sabor:
- Allah ilumina todos os que nos honram com sua visita! - e saiu
correndo para o interior da casa.
- Você deve estar extenuada - disse-lhe o árabe. - Caminhamos
muito. Deve agora descansar.
Em suas reminiscências, Cornélia sentia-se refazendo das agruras
pelas quais havia passado.
Com que alegria via o garotinho aproximar-se, recebendo-a como se
ela pertencesse àquela morada. Levava-lhe flores, contava histórias
com as fantasias próprias de uma criança que pertencia a um
ambiente sólido, saudável. As narrativas eram tão harmoniosas e
felizes, que o contemplava encantada, vendo ali uma alma em
perfeita florescência.
Seu coração ia se transformando. E como sua vontade de mudar era
verdadeira, sentia-se a derrubar os primeiros tijolos de uma
construção que havia erguido ao redor de si mesma, prestes a
aprisioná-la, e deixando-a isolada das belezas do mundo.
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