Clique aqui para baixar o livro no formato

centenária, também reunida ali com eles. Referia-se aos locais
santificados com uma dose de amor desconhecido de Cornélia. A
vida para essa anciã era feita unicamente de trabalhos domésticos.
Cuidar de uma prole imensa tinha sido a dádiva que havia recebido.
Muitos filhos já haviam seguido para o outro lado da vida, mas ela
ainda se referia a eles como se estivessem repartindo o calor do lar
até aquele dia. É uma anciã única, pensava Cornélia, enquanto a
velhinha ia resumindo o que era a vida para os homens que cavavam
rochas e construíam abrigos.
A anciã olhava para Cornélia como se soubesse o que ela ia
encontrar no meio daqueles muros vedados aos que não eram
judeus. Foi ela que resumiu um pouco do que se esperava por parte
de Cornélia:
- Se você recebeu uma autorização para participar de nossas vidas,
acredito que eles também esperam algo de você, porque quem
recebe alegrias, precisa devolvê-las, não pensa assim?
- Sim, senhora, mas não sei o que posso devolver, a não ser a minha
compaixão pelos infelizes.
- Isto não basta, mocinha - ela retrucou com olhos firmes e
inquisidores. - Você vai poder usufruir da ventura e da serenidade
de um dos Santuários. Disse-me Nathanael que vão introduzi-la em
aposento visitado pelo Mestre crucificado. Assim, para retorno, não
vai bastar a sua compaixão. O mínimo que se espera de você é que
consiga aproveitar as vibrações do local para manifestar a voz
divina.
- Manifestar a voz divina? Não sei do que se trata - apressou-se
Cornélia a responder. - Nathanael ainda não se referiu a isto.
- Então você não irá direto aos aposentos que conheceram Joshua.
Deverá ficar por uma temporada entre os essênios que ainda estão se
preparando nos primeiros graus. Não passa de uma novata - ela
disse com aspereza. - Não sei por que Nathanael não a preparou
melhor, antes de trazê-la - havia queixa na voz da anciã.
Débora interferiu:
163