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- Tenho um grande amigo que é escultor, Cornélia. Ele modela tão
bem as suas figuras, que costumo me referir a ele como um
descendente do talentoso Fídias. Mas também já o vi a olhar as
minhas peças de bronze e chegar a se comover até as lágrimas.
- E quem é este homem tão sensível, Lélia? - indagou Celeste, não
só curiosa pelo profissional. - Interesso-me pelo assunto, porque
tenho um filho com tendências artísticas. Seria muito bom se ele
conhecesse uma pessoa assim.
- Não sei se Cléon seria a criatura ideal para professor de artes. Mas
certamente ele poderá lhe oferecer informações bem úteis, Celeste.
- Posso saber quem é este modelo de virtudes que consegue vencer
as passadas de Roma sem ter armas nas mãos? - disse Aurélia com
azedume.
Lélia sorriu, ao responder: - É exatamente um homem que também
pertence ao exército romano, Aurélia.
- Como isto é possível? - provocou-a Aurélia. - É o mesmo que ser
um tocador de flauta e de trombeta ao mesmo tempo. Ninguém
consegue manter-se em harmonia com duas escolhas tão diferentes.
- Pois está enganada, amiga - voltou Lélia, desapaixonadamente. -
Cléon seguiu para o exército com um propósito que nenhuma de nós
pode entender, mas não deixa de ser a criatura generosa e sensível
que é, só porque empunha armas defendendo seu ideal.
- E qual é o ideal dele? - riu Aurélia. - Defender o nosso povo de
perturbações do coração? E ele pretende, agora, erigir estátuas para
quem? Tem certeza de que é para o nosso Imperador, ou para...?
- Para... quem? Vamos, Aurélia - desafiou-a Hannah -, continue.
Você ultimamente anda revoltada com tudo. Até acha que em Roma
não deveria morar ninguém que não fosse romano.
- É isso mesmo, Hannah, principalmente quem é judeu - ela
desabafou.
- Você nem atina que ser judeu não significa ser cristão, minha
amiga. Basta saber que alguém é desta raça, para você se retrair.
Pensa que todos são seguidores do Messias, desejando destruir o
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