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esse aspecto, Joshua demonstrava que ninguém deveria lançar
pedras nos companheiros. E isto é bem lógico, não é? Nós todos nos
igualamos, principalmente, em imperfeições.
- Sim, e ele não fazia questão de realçar a miséria humana.
- Não mesmo. Para ele, nós todos éramos generosos, e isto se nos
deixássemos abençoar pela Luz.
- E você deixou, minha amiga?
- Nem sempre. Muitas vezes preferi ficar escondida, por razão de
atos meus dos quais me envergonhava. Eu sabia que ele tudo
enxergava, tudo conhecia, mas que nem assim deixava de me
abençoar, Nathan.
Nathan, então, aconselhou:
- Se você me permitir, não vou me abster de ler a sua escrita, mas
gostaria de acrescentar censuras, se por acaso comentar algo que os
essênios não aprovem. Permite-me isto?
- Só por esta pergunta noto que aceita minha proposta e que pensa
diferente de Nathanael. Ele me repreendeu, por achar que vou
misturar o sagrado com o profano.
- Sabe de uma coisa, Cornélia? Eu considero sagradas apenas as
escrituras que chegaram até nós, dos Profetas Antigos, que
baseavam suas experiências em fatos acontecidos com eles mesmos.
Ninguém pode "se pôr fora" de uma escrita. Se fosse assim, ela não
sairia da alma.
- Quer dizer que não renega o fato de eu ser apenas mulher e...
Aí Nathan sorriu:
- Nem creio que Nathanael a renegue também. Certamente ele ficou
acalorado, por ver que você preferia escolher rumos difíceis. Ele
também sabe que não é fácil colocar a própria alma nas escritas.
Além disso, o que você vai anotar não será misturado com nossos
manuscritos, evidentemente. Você mesma deverá se encarregar dos
rumos do que escrever, já sabe disto. Será uma boa forma de investir
no mundo dos Homens.
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