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celibato permanecerão conosco. Vamos organizar os nossos
manuscritos, a partir do que já temos em mãos. Não viemos de tão
longe para nos dispersarmos nas tolices das dissenções. Somos um
grupo coeso e podemos brilhar, colaborando e impondo as leis de
Moisés."
Mas, senhor, disse um homem de manto alvo e de cabelos
cacheados e ruivos: "Eu vos amo e também toda a minha família.
Tenho os mesmos ideais, sou estudioso, amigo, companheiro e não
dissoluto. Por que devo me submeter, lá fora, a leis que não marcam
o meu espírito? Por que devo me imolar com minha família para
fora desses muros que tanto venero? Vejo isto como uma imolação,
meu senhor."
O ancião continuou, incisivo: " Porque aqui permanecerão apenas os
que não questionarem as organizações familiares. Estaremos
voltados somente para estudos e leis. Mas você não deve entender
isso como quebra de nossa irmandade. Sempre seremos irmãos de
sangue, mesmo que não habitemos no mesmo território".
E ele acrescentou em voz troante: " Vão!! Dispersem-se com suas
famílias para os campos, pelos ermos, pelo deserto. Será bom se
nós, os essênios, contribuirmos para o progresso do mundo em
outras fronteiras também. Vão!! Se este núcleo vai se manter como
um Santuário, isso não significa que nossas portas se fecharão para
vocês. Mas não corrompam nossas leis. No caso de luto ou dos dias
piedosos, reúnam-se conosco. Serão sempre abençoados pela fé que
nos une e pelo desprezo que entregamos aos que se comprazem com
a imoralidade."
O ancião diluiu-se à visão de Cornélia, como se a mão misteriosa
que a houvesse permitido visualizar aquelas cenas puxasse o véu,
entregando-a, de novo, no mundo seu, e não naquele de um passado
desconhecido para ela.
Sabia que não havia vivido entre eles, que nunca havia morrido
entre eles, e que não possuía qualquer consangüinidade com eles.
O que significaria tudo aquilo?
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