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povos. Para os ocidentais, os pensamentos e os valores daquele povo
seriam incomensuravelmente distantes.
Cornélia descobria que ali aprendia a amar os homens com
igualdade, com desapego e com tolerância maior para a divisão das
coisas.
Subitamente, um outro cenário se sobrepôs àquele e ela sabia que se
tratava de tempo bem anterior a esse. Não era uma jovenzinha.
Tinha perto de seus trinta e cinco anos. Encontrava-se numa grande
praça de mercado. Dezenas de barracas com ofertas variadas se
estendiam em várias direções, formando um verdadeiro labirinto.
Cornélia as percorria, lentamente, surpreendendo-se com os detalhes
dos objetos que reluziam em metal e cobre. A graça com que os
vendedores faziam suas ofertas a encantou, até o momento em que
viu um árabe de bastos cabelos negros, com uma tira enviesada na
cabeça, prendendo uma rodela de pano escuro no olho esquerdo..
Era dono de um sorriso fascinante.
A tenda deste mercador se localizava nas proximidades de um beco.
Lenços multicoloridos assemelhavam-se a bandeiras expostas em
verga de navio, ao lado de sua barraca. Aproximou-se para verificar
quais quinquilharias recheavam o comércio daquele homem.
Espantou-se, ao ver que sua especialidade eram estátuas artísticas.
Grandes, minúsculas, em várias posições, formas e materiais. Havia
grotescas, sublimes, engraçadas e até comovedoras.
O tempo que permaneceu apreciando aquela arte, sustentando-se no
desejo de adquirir alguma que lhe falasse à alma, foi suficiente, por
certo, para que o mercador entendesse sua intenção. Acostumado
com estrangeiros, que deveriam fazer parte de seu cenário constante,
ele destacou entre todas aquelas preciosidades uma estátua em
alabastro. Seus olhos clínicos não se haviam enganado. Ela se via
maravilhada a analisar a peça em seus detalhes.
A estátua de mulher se erguia entre duas colunas que lembravam os
pórticos gregos e levava a cabeça voltada para o alto, como se
clamasse ao céu um pedido. Em uma das mãos, a figura de mulher
carregava uma cornucópia, que representa abundância e riqueza em
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