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mãos, ou <strong>para</strong> plantar, ou <strong>para</strong> colher, até mesmo histórias sobre um<br />

passado que havia ficado coberto pelos escombros do transcorrer<br />

dos séculos.<br />

Cornélia andava bastante apreensiva. Nos dois dias que antecederam<br />

este em que observava as montanhas mutáveis, algo a havia atraído<br />

com grande insistência. Eram objetos depositados <strong>no</strong> porão de sua<br />

casa, construída num platô magnífico com vistas <strong>para</strong> o mar.<br />

Aquela casa parecia, na verdade, uma e<strong>no</strong>rme pérola branca,<br />

depositada num terre<strong>no</strong> sólido e com uma das faces voltada <strong>para</strong> o<br />

lado em que chegavam as embarcações dos homens do mar. Era<br />

essa a face preferida de Cornélia, e fora ali que ela havia ajudado o<br />

jardineiro Konstantin a erguer a pérgula.<br />

Konstantin era um velho enrugado como um pergaminho, mas de<br />

corpo e músculos rígidos e dourados pelo sol que tomava desde a<br />

manhã até à <strong>no</strong>itinha, quando o sol se punha, e ele, então, seguia a<br />

passos firmes <strong>para</strong> a casa de seus próprios familiares.<br />

O velho jardineiro era o maior amigo de Cornélia. Depois dele,<br />

vinha a filha do homem que cuidava dos cavalos e éguas de seu pai<br />

e também de outros senhores que constituíam uma espécie de<br />

sociedade com ele.<br />

A filha desse cavalariço, Hannah, era uma moça fechadíssima, de<br />

tez pálida e olhos rasgados, o que os tornava mais enigmáticos do<br />

que a própria expressão e palidez da moça.<br />

Diziam algumas criaturas que moravam ali <strong>no</strong> Solarium – assim era<br />

chamada a residência de Cornélia – que Hannah tinha alguma parte<br />

a ver com os demônios.<br />

Só que Cornélia jamais havia feito uma divisão entre deuses e<br />

demônios. Para ela, tudo fazia parte da vida e jamais tinha ouvido<br />

dizer que o Bem e o Mal fossem representados por um ou outro.<br />

Assim, os deuses tinham apenas uma função: oferecer seus recados<br />

nas situações que conviessem; e os demônios eram os deuses que<br />

habitavam <strong>no</strong>s antros mais fundos, porque precisavam prover o<br />

mundo d<strong>aqui</strong>lo que ninguém tinha capacidade <strong>para</strong> realizar. Os<br />

demônios, portanto, não eram os deuses nem do mal e nem das<br />

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