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Já o destino de Licínio era terrivelmente ameaçador, diariamente.
Convivia seu dia-a-dia com os próprios algozes de sua crença.
Qualquer palavra ou menção, distraída, de fatos examinados por
seus superiores, ou mesmo por alguns de seus comandados,
colocaria em seus ombros a pecha de traidor. E todos sabiam que a
traição levava à morte cruel. Portanto, nem Licínio ou Lélia
deixavam, para segundo plano, a Renúncia. Renunciavam, já, à
própria vida, para continuar a Obra.
Finalmente Cornélia pôde entrever os quadros aterrorizantes do
Circo Romano, onde leões e criaturas se enfrentavam para vencer
uma luta. Só a Força, a Fé e a Coragem podiam realmente levar um
prosélito do Mestre a acompanhá-Lo. Caso contrário, o melhor seria
esquecer aquilo tudo e viver de forma simples e sem compromissos.
Enquanto se esforçava para escolher "de qual maneira poderia
servir", Lélia aconselhou-a:
- Ajude-os a não morrer, Cornélia. Ajude-os a encontrar um local,
do qual possam se servir, quando a fé vacilar, ou quando a
necessidade de salvar um companheiro os atingir. Não sabe quantas
criaturas criminosas se valem do nome "cristianismo", a fim de
descartar pessoas que, às vezes, nem mesmo fazem parte desse
movimento subterrâneo.
- E como posso saber a quem salvar, Lélia?
- Muito simples. Eu serei ainda como sou - a espiã. Apontarei o
local para aqueles a quem o momento exigir.
- Entendo. Você quer apenas que eu prepare um lugar de segurança
para eles.
- Lélia está certa, Cornélia. Você possui fortuna e não possui
herdeiros. Não é esse o caso de Lélia, cujos bens precisa respeitar,
pois tem marido e filho.
- Mas vocês estão me ofertando apenas um presente, não um
trabalho - reclamou Cornélia, sorrindo.
- Por que diz isto? - perguntou Licínio.
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