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Otávia quase preferiu se calar, principalmente porque a amiga
demonstrava colocar seu pai Orígenes fora da aliança dela. Mas
ainda advertiu:
- Só tome cuidado, Aurélia. Há gente que não hesita em se colocar
em primeiro lugar, seja qual for a circunstância. Essas pessoas...
Mas não prosseguiu.
Hannah, ali perto, observava. Não participava das tentativas de
Aurélia de se tornar conhecida nos altos meios sociais de Roma.
Principiava a interessar-se pelos comentários de algumas amigas de
Otávia que as visitavam, falando-lhes de Lélia.
Hannah desejava muito conversar pessoalmente com ela.
Naquela mesma semana, o dedo do destino apontou a solução para
aquela realização. Os dois filhos de Aurélia foram até a casa de
Orígenes passar uns dias. Eles insistiam com a mãe que os
acompanhasse até Roma, levando suas amigas.
Aurélia entusiasmou-se e tudo foi acertado. Elas foram hospedar-se
na casa de um amigo de Licínio. De lá, foi fácil visitarem Lélia.
A residência de Lélia era extraordinária pelo tamanho. Possuía um
amplo pátio aberto, onde se viam flores, aves, estátuas, e pórtico
dos quatro lados. Mas o interior era sóbrio, como se aquela criatura
quisesse estampar a seu redor a melancolia de que era possuída.
Fora as porcelanas, louças e pratarias finíssimas, onde tinham sido
servidas frutas e deliciosas iguarias, nada conseguia indicar que
Lélia possuía enorme fortuna.
Contou-lhes sua história, bem comum.
Havia vivido com o pai desde menina, porque a mãe morrera no seu
parto, e sua educação tinha sido feita por uma ama que havia
chegado de lugar distante - uma senhora de maneiras gentis e
bastante humanitária, culta, conhecedora do contraste do ensino
entre os gregos e romanos. Ela era em parte grega.
Como Lélia desde criança havia demonstrado predileção pela
música, a ama a orientara e ela era exímia tocadora de cítara.
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