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Quarenta e Dois
A noite já descia, quando os visitantes alcançaram, não tão distante
dali, umas choupanas que serviam de abrigo a serviçais da
comunidade dirigida por Simeão, que iriam conhecer no dia
seguinte. Eram construídas com juncos e cobertas com palhas tão
bem entrançadas, que nenhum vão permitia avistar a claridade da
imensa lua prateada vigilante daquele dia.
Nathan e Nathanael dormiram rapidamente nos catres, cobertos
pelos próprios mantos. Mas Simeão, não tendo conseguido pegar no
sono, pegou uma candeia e foi caminhar. Se desejasse, poderia
alcançar o local de sua comunidade, porque lhe bastaria atravessar
um pequeno filete de água e depois uma trilha ladeada de bambuzal,
até o pátio fronteriço do Templo, cheio de bancos e com árvores já
centenárias.
Sua inquietação era saudável, não um presságio de maus
acontecimentos e nem a ansiedade de poder levar as mãos para algo
que não lhe pertencia. Ele era um prosélito do Cristo. Conhecia as
escrituras sagradas e havia seguido Yohanan bem de perto, ouvindolhe
as sentenças bem colocadas, e sentindo o valor dos ideais
daquele homem que ele considerava do mesmo modo que
considerava os Raios e os Trovões.
Muitas vezes o vira exaltado, fremente de frustrações e de
desenganos, heróico em sua abnegação para com o Mestre dos
Mestres. Yohanan era de uma devoção indefinível para com seu
primo Joshua, a quem só não imitava porque conhecia o valor que
tem cada um, valor este emanado da Fonte de Origem de todos - o
Amorável e Justo Criador.
Assim, entendia que, se ele era o Raio ou o Trovão, outros seriam a
Tocha que se eleva no mundo para iluminar a cegueira dos homens
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