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Dezessete
A presença de Boanerges continuava sendo um raio de luz na
existência de Cornélia, mas o dia da partida já se aproximava. Ele e
Rute se preparavam para seguir viagem rumo a Roma. Rute jamais
havia posto os pés além da Galiléia e Boanerges decidiu que iriam
até lá para assistirem aos festejos de Bona Dea. Boa Deusa era a
padroeira da cura e reverenciada apenas pelas mulheres, semelhante
a Ceres e Rhea - esta última reverenciada nas ilhas gregas e
assimilada depois pelos romanos.
Cornélia não se interessava por Roma. Seu pai Diomedes lhe havia
narrado com minúcias o que havia sucedido com ele, quando já
despertava para a adolescência. Ele havia conhecido o calor e a
afabilidade da gente romana, mas havia perdido por lá um amigo
muito estimado de seus tempos de folguedos, de modo que havia
pintado Roma para ela com cores muito escuras e sombrias.
Ainda que Cornélia tivesse ouvido da boca de seu amigo Konstantin
que os moradores de Roma também gostavam de cantar, de sorrir e
de sonhar, ela continuava a guardar dentro do peito os quadros do
pai.
Mas foi com espanto que Boanerges a ouviu dizer, em uma de suas
tentativas de convencê-la a acompanhá-los: - Meu propósito, agora,
é conhecer gente de outros territórios, Boanerges. Quero ouvir
músicas novas, percorrer terrenos que minha alma já percorreu. E
uma de minhas visões me levou até a Índia milenar. Seguirei com
vocês até Roma e, de lá, parto para conhecer essa terra cheia de
mistérios. Quem sabe tiro de mim a mágoa que minha visão me
deixou.
- Eu sempre afirmei que a melhor forma de vencer os medos é
enfrentá-los. Pois faça isso. No entanto, não perco a esperança de
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