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uma forma singela de mimoseá-la com algo que jamais pensaria em
ganhar?
Inadvertidamente voltou ao passado, tentando rememorar o que
havia sucedido após a morte de Joshua. Nathanael lhe afirmara que
estava presente na ocasião. Quem entre os outros, também
presentes, havia separado para ela aquele manuscrito? Seria
Zebedeu? Othoniel, ou mesmo o pai de Nathanael?
Por que tanta consideração para com ela, se todos eram viajantes em
uma nau que havia seguido por águas tormentosas? Não eram eles
todos igualados naquela perda irreparável e dolorosa?
Quem deles mantivera acesa a chama da Fé e da Esperança, depois
de surpreendido pela Verdade incontestável da rápida partida de
Joshua para o Reino inefável, que Ele sempre apregoara e tão
poucos entenderam?
Subitamente, lembrou-se. No momento em que abandonava a cena
da crucificação, uma mulher se havia aproximado dela, dizendo-lhe:
"Um dia nos reuniremos, Cornélia, e, por minúscula que seja nossa
contribuição, haveremos de levar a parte que nos compete a outras
regiões".
Teria sido mesmo uma promessa? Um convite? Ou apenas um
desabafo? Aquela criaturinha frágil, envolta em xale negro - que ali
expressava toda a dor de uma perda profunda - pertenceria também
ao grupo dos essênios?
"Débora" - ouviu Cornélia nitidamente. Tão claro o som, que se
voltou para a lateral, de onde parecia que ele tinha ecoado. Não era
uma voz interiorizada ou intuitiva. Seus ouvidos terrenos haviam
captado perfeitamente aquele nome.
- Débora! - Cornélia repetiu em voz alta. Sim, sim, eu a conheci na
casa de Abigail. Mas ela era tão menina...!! Até mais nova do que
Nathanael. Será ela amiga dele?
Um raio de luz argêntea desceu para o quarto de Cornélia, quando a
lua em suas passadas mágicas atingiu o desvão de sua janela e a
brisa, em colaboração, soprou movimentando o fino cortinado.
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