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vedadas e a impressão de melancolia e solidão chegava a marcar o
espírito.
- Nathanael me disse que estas cavernas mais fechadas serviam para
fazerem suas meditações e treinarem nos dons que possuíam, mas
não me esclareceu quais. Era a melhor forma para se isolarem do
mundo e se integrarem com Deus - disse-me ele como única
explicação. - Mas eu acho que prefiro me integrar com o Deus num
lugar mais espaçoso e ventilado - ela sorriu brejeira.
- Cada um se adapta melhor com um tipo de cenário, Débora,
embora eu ache que eles amavam a amplidão tanto quanto nós. Este
local só era propício para não se dispersarem nos eventos do dia-adia
da humanidade. Ela é tão... complicada!
- É verdade. Mas veja, já estamos chegando no lar de Yohanan. Ela
destacou a palavra lar. Ali estavam alguns objetos utilizados por
Yohanan: uma banqueta, uma mesa rústica, um tapete de pêlo de
carneiro e uma lamparina a óleo, colocada no chão frio.
- Ali - ela mostrou - havia uma bancada onde ele depositava
documentos que lia e interpretava. Disse-me Nathanael que se
tratava de manuscritos muito antigos, dos tempos de Moisés e
outros profetas. Yohanan era muito sábio - ela comentou, e corou
pela terceira vez.
Vendo Cornélia sorrir, encabulou-se.
- Você vai pensar que sou uma fanática, uma moça desequilibrada
em meus sentimentos, porque ainda coro ao falar de Yohanan. Mas
não sou nada disso, Cornélia. Só abrigo o meu amor e veneração no
coração. Nada mais. Olho a vida como uma simples passagem pela
Terra. Tive apenas a ventura de conhecê-lo, não de compartilhar da
vida dele. Mas isto me bastou, porque devo ser diferente. Não sei
me interpretar.
Não havia mágoa em Débora. Era amor mesmo. Um amor
imensurável e incondicional. Nesse momento, Cornélia soube que
aquela moça era mais feliz do que tantas que haviam partilhado uma
vida em comum com esposos, ou amantes, mas não tinham tido a
felicidade de amar daquela forma.
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