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No harém de um sheik, encontrava-se Cornélia. Era uma mocinha
de seus quinze anos. Os bastos cabelos, o corpo esguio, a pele
sedosa e os olhos brilhantes não lhe serviam como apresentação de
uma beldade atraente ou desejável. A fúria que encaravam em seus
olhos era terrivelmente assustadora. Necessário seria que se visse
frente a frente com outra pantera, que conseguisse domesticá-la.
O sheik que a recebera de presente se havia enfurecido também,
quando se viu arranhado no rosto por aquela garota. Só não mandou
eliminá-la, porque se considerava um grande domador e porque
resolveu que poderia pregar uma peça em um de seus amigos, que
também possuía um harém, entregando-a para ele. Os dois eram
amigos desde a infância e acostumados a pregar peças um no outro.
Não era raro se encontrarem no cruzar das caravanas e dividirem,
então, o tempo, os alimentos e as mulheres.
Portanto, Cornélia foi resguardada apenas para que este sheik –
Abzis – levasse um desafio ao amigo Omar, que era conhecido por
alguns como um homem humanitário.
Abzis, de antemão, já se via até sorrindo, ao imaginar que um dia
Omar chegaria até ele com o rosto todo lanhado, como aconteceu
com ele, na noite que intentara se abrigar na tenda daquela beldade.
Cornélia já estava servindo de chacota para esse árabe, que se
julgava paciente. Só que desconhecia a paciência e a astúcia que
também moldavam a alma de Cornélia.
Uma forte tempestade atingiu as duas caravanas – de Abzis e de
Omar – perto de um oásis que procuravam sempre para o encontro
anual.
Ainda que o vento atingisse com força esses homens indômitos,
nunca hesitavam. Preparavam suas tendas, como se o açoite da
natureza fosse uma simples birra de crianças.
Omar alcançou o oásis dois dias antes do encontro. Sua tenda era
cheia de cuidados, porque contava com a ajuda de várias mulheres
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