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- Como pode ter certeza disso, minha amiga?
- Ahn, Nathanael, eu já vivi por aqui!
- Como? Está querendo me dizer que teve uma existência como
essênia?
- Não, não. Espere, Nathanael!
Como que tomada de grande espanto e ferida por ter entrado no
mundo da memória espiritual, sem estar preparada, Cornélia
desabou no solo. Permaneceu inconsciente até o momento em que
Nathanael a observava, já acompanhado de Nathan, a quem ele fora
pedir ajuda.
Nathan aproximou de suas narinas uma substância desconhecida até
de Nathanael. A palidez da moça foi sendo substituída lentamente
pelo colorido habitual de suas faces. Mas, ao enxergar Nathan, um
grito se soltou de seu peito e passou a soluçar, conversando com ele
num dialeto desconhecido totalmente de Nathanael.
Nathan ajudou a levantá-la e carregou-a para o primeiro degrau
daquela escada esculpida na dura rocha. Só então ele aconselhou:
- Agora, acalme-se. Somente quando sentir que seu coração voltou a
bater num ritmo menos apressado deve falar. E, veja bem, só fale se
quiser. Se preferir permanecer em silêncio, nós entenderemos.
Cornélia exclamou:
- Ah, senhor, estou hoje passeando por um recanto que já me serviu,
um dia, de moradia! Esta foi a minha Quinta Morada.
Como Nathan e o amigo preferiram guardar o silêncio, ela
continuou:
- Já sei que vivi entre os árabes, num grupo de tuaregues. E também
no Egito, na Índia, e num local que foi coberto pelas águas. Agora,
reconheço este cenário, ainda que apresente diferenças. Os tempos
vão acrescentando camadas sobre os territórios e os ambientes se
modificam a ponto de nos parecerem sobrenaturais.
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