Clique aqui para baixar o livro no formato

Quarenta e Quatro
Cornélia saiu de Qumran e foi para Nazaré, onde passou uns tempos
apenas para vender sua propriedade. Depois, afastou-se
definitivamente daqueles territórios e foi morar na Gália, onde
terminou seus dias.
No ano 70, portanto, 37 após a morte do Nazareno, havia
completado 62 anos. Realizara seu desejo de visitar a Índia,
convivendo com criaturas de diferentes castas. Agora já conseguia
ver aquele povo sem melancolia. Eram simplesmente criaturas de
hábitos e costumes diferentes, mas que também sabiam amar,
sofriam e se entregavam ao aprendizado do amor universal tanto
quanto os povos ocidentais.
Sua única ligação com seus dias pretéritos era feita com o auxílio de
Débora. Fora esta amiga de tantos anos que desenvolvera um
sistema de comunicação, utilizando as viagens de amigos lá de
Qumran para enviar as suas mensagens. Assim, acompanhou a
distância os eventos vividos por Paulo de Tarso, Pedro, a mãe do
Mestre, Nathanael, Simeão e tantos outros seguidores, como
Licínio, que também acabou a vida de forma tristonha.
A última mensagem de Débora lhe fora enviada no ano 69,
exatamente o ano que antecedeu a destruição de Qumran pelos
romanos.
Esta mensagem Cornélia não se cansava de reler. Constituía para ela
o final daqueles dias tão cheios de contradição e, ao mesmo tempo,
de tanto amor vivido entre seres que tiveram a graça de ter a seu
lado a presença do Mestre dos Mestres.
Assim havia escrito Débora:
“Saudações, Cornélia
224