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- Talvez! - ela ergueu os ombros. Mas eu mudei mesmo, Boanerges.
Não creio que exista alguém que deixe de dar um passo para uma
olhada diferente, depois que conviva com um ser como Aquele
Anjo.
- Uhmm! - ele fez, preocupado. - Não é bem assim. Se assim fosse,
todo mundo teria ido para o céu com ele. E hoje o céu estaria
carregadinho de anjos, tanto quanto as uvas dos parreirais. Mas nós
sabemos que até algumas uvas secam nos próprios pés, não é assim?
- É, é verdade. Mas que pena que seja assim!
- Não é pena, Cornélia. É o mundo. É a composição do mundo. E
Joshua sabia disto muito bem. Se não soubesse... nem se atreveria a
pisar por aqui.
Sorrindo, Cornélia pediu: - Conte-me, então, que manuscritos são
esses que você leu?
- Quem sabe até de amigos seus, Cornélia. Eu não sei. Não trazem
indicação de quem os copiou. Sabe como é, um vai passando para o
outro. Todo mundo quer contar um pedaço do que ouviu Joshua
dizer.
- E é bom. Assim as palavras dele vão chegar em outros continentes.
- Claro que vão! E eu nem me preocupo com a maneira com que
escrevem, sabe por quê? Porque todo mundo quer contar os
milagres que ele fez e sobre o Amor que ele deixou. Por mais que as
pessoas escrevam em idiomas diferentes, o Amor de Joshua está lá.
A gente sabe que o que nunca morre é o Amor. Joshua jamais
morrerá.
Os olhos de Cornélia umedeceram-se.
- E suas visões? Repetiram-se? - Boanerges indagou interessado.
- Sim, agora chegam espontaneamente. Não preciso mais da pérola.
- Mas eu sempre soube que isso era apenas um recurso para você
não se dispersar em pensamentos fugidios, minha amiga. E não há
nenhum milagre nesse sucedido.
- Eu sei. Você não acredita em sobrenatural. Jamais acreditou.
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