Clique aqui para baixar o livro no formato
Clique aqui para baixar o livro no formato
Clique aqui para baixar o livro no formato
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
como um espetáculo grandioso e real. Nada era fictício nele,<br />
principalmente os <strong>no</strong>ssos sentimentos, porque a minha mãe era a<br />
pessoa mais transparente que conheci. E minha ama também.<br />
Mas eu nasci com uma faculdade bastante estranha <strong>para</strong> a maioria<br />
das pessoas. Conseguia me afastar da vida comum e ingressar num<br />
rei<strong>no</strong> que me pertencia, mas que fazia parte de outras épocas, de<br />
outras eras. Desde menina, eu soube que vivíamos mesmo por várias<br />
estradas <strong>aqui</strong> na Terra. E eu tinha uma curiosidade quase que<br />
obsessiva de descobrir por onde havia caminhado.<br />
Por meio de uma série de concentrações – eu não saberia lhes<br />
explicar como cheguei a obter um bom resultado –, consegui um dia<br />
atingir um espaço diferente, <strong>no</strong> tempo, e me vi participando da vida<br />
como se eu fosse uma outra pessoa.<br />
Eu não era sempre Cornélia, é claro; tinha outras formas de<br />
vivenciar o mundo, outras características físicas, embora, em<br />
algumas delas, a minha figura de Cornélia relembre as outras.<br />
Pois bem, numa dessas minhas buscas, participei da vida deste árabe<br />
que saiu d<strong>aqui</strong> agora. Era um homem formoso e eu - ingênua,<br />
conforme ele quis dizer – fiz dele um herói. Sei que o admirei<br />
profundamente e que a alma dele devia ser belíssima, porque só me<br />
entregava bem-estar.<br />
Fui raptada por beduí<strong>no</strong>s e entregue em um harém. Ali, vivi uma<br />
história que nem sei reconstituir, porque as minhas reminiscências<br />
só me levaram a este ponto.<br />
Jamais pude comprovar se não eram fantasias da minha mente. Mas<br />
as palavras dele, ditas tão seriamente, me servem de aviso <strong>para</strong> que<br />
eu entenda que realmente não criei as histórias que enxerguei, ao<br />
conseguir penetrar <strong>no</strong> meu mundo interior.<br />
Já contei a Hannah algumas das divisões de minha alma – é assim<br />
que eu costumo pensar. Mas ainda estou procurando as razões pelas<br />
quais fui colocada nessa vida <strong>no</strong> deserto. Qual foi meu aprendizado<br />
ali? E também quero saber o que foi que produziu em mim ter<br />
vivido como Vestal em território do Egito, por exemplo.<br />
61