Clique aqui para baixar o livro no formato

Cornélia olhou-o pasma e já ia começar seus questionamentos,
quando ele prosseguiu:
- Pode parecer inescrupuloso o gesto desse homem que se prestou a
favorecer o amigo, por lealdade a ele. Talvez para ele seja um fato
natural.
- Espere, esclareça-me melhor este caso. Quem pediu a Zínia para
casar-se com ela?
- O amigo do senhor Flavius, comandante desta unidade. Tudo não
passou de um plano desse comandante, eu lhe asseguro. E lhe digo
mais. A sua serva Zínia era enamorada desse amigo dele. Contoume
ela, antes de partir, que o senhor Flavius acreditava que a
senhora era mancomunada com os homens que se devotam ao
Nazareno, porque não podia crer que a senhora se havia afastado
dessas questões só porque se mantinha em silêncio. Então, ele
apenas aguardava um deslize de sua parte, porque desejava pegá-la
em flagrante em qualquer reunião subterrânea, como aconteceu a
sua amiga Lélia.
O homem olhou para Cornélia e ela viu a dureza do aço ali
estampada.
Mas ele prosseguiu: - Esses romanos não conseguem entender que,
além de nossa fé, somos criaturas destemidas; que não vão
conseguir, por um simples berro deles, desmantelar toda uma rede já
organizada por nós, desde a morte do nosso Messias.
Aí a voz dele se adoçou.
- Nós aguardávamos o momento em que a senhora ia deixar o seu
mutismo, a fim de continuar a batalhar. Sua amiga Lélia continua
presa e nós queremos que nos ajude a tirá-la da prisão.
Cornélia olhava-o cada vez mais espantada, quando comentou:
- Mas a prisão de Lélia, lá em Roma, é uma Fortaleza indevassável.
Eu jamais sairia de lá, se visse uma pequenina oportunidade para
soltá-la, meu senhor.
- Só em parte é uma verdade o que me fala.
142