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Ele alegava que sua contribuição já estava sendo feita, desde o
momento em que seus escravos é que plantavam e colhiam os
alimentos e os gastos eram dele mesmo, portanto, os lucros
deveriam lhe pertencer. Não prestaria tributo nenhum aos grandes
senhores, visto que suas terras já estavam alimentando uma boa
parte das residências de Roma. Era este seu argumento - que não
deixava de ter lá suas razões.
Mas existia uma lei que apontava que todos, indistintamente,
deveriam contribuir para o Celeiro Maior, independente de serem
donos ou não das terras, dos escravos e das plantações.
Com isto, iniciou-se uma guerrilha encoberta entre Orígenes e
Demócrito, sem que qualquer um dos dois estivesse, a bem da
verdade, faltando com "a lei de seu próprio direito".
Quando Aurélia por ali chegou, desejosa de contatar pessoas
eminentes que pudessem contribuir na ajuda a seus dois filhos, teve
a infeliz idéia de contatar Demócrito e não Orígenes, simplesmente
porque não aceitava a excentricidade do pai de Otávia. Ela o
respeitava... mas só.
Ao compactuar com aquele homem irascível e sem crença religiosa,
prosélito apenas dos lucros do governo, Aurélia sem o notar estava
trilhando o começo de um caminho que, mais tarde, iria levá-la a
confrontar os seguidores do Nazareno.
Otávia percebeu a tendência de Aurélia e procurou orientá-la.
- Dizem por aí, Aurélia, que este homem conhecido por Demócrito
pode ser um verdugo até de seu pai. Para ele, o que conta é o lucro
da terra, mesmo com os desmandos que tornam as criaturas
infelizes. Ele é incapaz de fechar os olhos em suas cobranças,
porque no coração dele ainda não está inscrita a palavra
misericórdia.
Mas Aurélia teimou:
- Eu preciso de gente enérgica para levar os meus recados, Otávia.
Ouvi dizer que este homem é um gênio na administração do Grande
Celeiro. E ele é figura bem grata ao Imperador.
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