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Trinta e Dois
Entrava o inverno e os campos se cobriam de cores cambiantes. Até
o azul do céu se transmutou. As manhãs eram pálidas e frias, com
um vento cortante que zunia nos cumes dos morros, inclinava as
vegetações, traduzindo uma linguagem diferente para cada cantinho
da Natureza. As aves migravam em busca do calor.
Cornélia encontrava-se na companhia de Débora e seus familiares.
Nesses dias frios, a família simples se reunia sempre em torno de
braseiros, quando discussões fervorosas sobre o Reino de Joshua
sofriam diversas interpretações.
Nathanael não se encontrava com eles. Ele havia seguido para
Qumran, pois Abdias se encontrava enfermo e bastante
enfraquecido. Estava sendo estudada a possibilidade de ser
substituído em suas funções por um essênio de corpo mais jovem,
mas de disposição semelhante à dele.
Com estas mudanças, a ida de Cornélia para passar uns tempos entre
as paredes de um Santuário tinha sido adiada. Precisava aguardar as
decisões, preparar-se incansavelmente, a fim de tirar melhor
proveito do que lhe fosse ofertado naquele meio.
O pai de Débora era dos essênios que se haviam afastado do
Santuário-Matriz, quando se havia feito a divisão entre celibatários
ou não. Ele forneceu muitos esclarecimentos para Cornélia, ao ouvir
dela a narrativa da visão sobre as inúmeras cavernas instaladas nas
rochas. Contou-lhe que o pai dele sempre louvara perante os filhos a
labuta empreendida por muitos, para que a vida sagrada desses
homens não fosse conspurcada pelas ilusões terrenas.
Era realmente uma imensa colméia a primitiva construção daquele
povo ordeiro e cheio de fé, comentava a avó de Débora, uma mulher
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