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- Não, não - disse enfezada. - Até seria melhor se fosse sarilho
mesmo. Desta vez se trata de... de uma garota.
- Mas isso é bastante natural. Se eu, que sou o mais velho, ainda não
me decidi por uma escolha, é até muito bom que parta dele uma
iniciativa. Nossa família anda precisando de sangue novo, não pensa
assim?
- Mas é por aí mesmo que surge o problema, Licínio. Sonhei sempre
com uma patrícia para minha nora e sabe o que seu irmão está
pretendendo? Prender-se a uma moça de olhos puxadinhos que,
além disso, tem o sangue dos judeus. Nem sei o que meus amigos
vão pensar!
Licínio desagradou-se. Tinha por norma não interferir nas manobras
da mãe, porque sabia que seus jogos visavam sempre a um futuro
feliz para os filhos. Mas agora se tratava de batimento cardíaco e
isto jamais poderia ser incluído em interesses e maquinações.
- Importa o que Fábio pensa, o que Fábio sente e o que Fábio
prefere, senhora dona Aurélia - retrucou severamente. - Ele não é
mais um menininho e já tem dosagem certa para a satisfação de seus
interesses preferenciais. E tem dado mostras de maturidade e
responsabilidade. Pode muito bem constituir a família que quiser.
Aurélia olhou-o, estupefata. Não conseguia entender o que estava
acontecendo para a sua família. Mas desta vez não ficou jogando em
círculos e foi direta ao ponto:
- Não posso proibi-lo de se unir a essa... a essa judiazinha - ela
gaguejou. - Mas posso muito bem conseguir o envio dele para bem
longe de mim, para um lugar onde nem existam mensageiros que me
tragam notícias de que é feliz ou não. Ao terminar de dizer tudo
isso, o rosto estava esbraseado.
- Ótimo, minha mãe! Meus aplausos. Sempre acreditei que nos
amava; que seus cuidados eram para a nossa felicidade afetiva. Mas
posso ver o quanto me enganei. Só a posição social conta? Só os
interesses? Só a sociedade romana, que está despencando num
abismo de frouxidão? Não é capaz de enxergar isso, senhora
Aurélia? Não consegue notar que seus estimados patrícios estão se
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