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espuma do mar, que permanece algum tempo pousada na areia e
depois a ela se junta.
Cornélia era um leque de sensações, ao vivenciar a experiência dela
mesma como uma menininha, que se regozijava a se projetar tendo
na mão um bastão vermelho e translúcido de cristal. O pensamento
da garota era ágil, forte, analista e, ao mesmo tempo, desafiador.
Ela vivia bem próximo do mar. Sua casa, construída sobre altas
rochas, lhe permitia avistar a enorme beleza de um oceano de cor
indefinível. O céu era de uma palidez robusta, se é que se pode dizer
isso de um branco não desmaiado que se tingia de nesgas das
mesmas cores que pintavam o mar. Céu e mar se igualavam em
perfeição.
Subitamente, uma nuvem escura se desprendeu do pico de uma
montanha, que era as delícias daquela menina. Um rolo espesso de
fumaça mais negra também subiu, espalhando com ele um odor
fétido a atingir prontamente aquele espaço. Labaredas o
acompanharam, entremeadas de fagulhas que se soltavam em riscas
horizontais.
Não demorou muito e lavas incandescentes escorriam pela
montanha, produzindo rio de imensa largura, descendo preguiçosa
mas inexoravelmente em direção ao pequeno povoado.
Nalu - era assim que ela se chamava - entre o fascínio do mistério
que se desprendia daquelas rochas incandescentes, e o desconforto
do inusitado e também desconhecido para ela, viu-se de repente
caída no solo. Havia desfalecido.
Depois, tudo se sucedeu em ações céleres. Uma mulher de cabelos
da cor do milho novo a apanhava e corria com ela. Sua voz se
recusava a sair, mas em seus olhos havia a queixa de haver deixado
no chão o bastão de que tanto se orgulhava.
Na noite daquele mesmo dia de escuridão, no sentido do horror que
todos haviam enfrentado, a família de Cornélia venceu as
intempéries, porque era o final. O continente submergiu como uma
gigantesca nau atingida por algo irremediável.
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