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vivendo uma vida de abandono dos meus próprios valores, porque
eles estão mergulhados numa tigela de bronze.
Cornélia riu.
- Tão pequeninos assim, para caberem numa tigela?
- Exatamente, Cornélia. É por isso que vim conversar. Gosto muito
da companhia de Aurélia, mas sei que preciso ampliar os meus
horizontes. A luta de Aurélia é um pouco parecida com a luta de
castas dos hindus.
- Nem me fale em castas, Hannah. Isto me apavora mais do que
imagina. Mas posso entender aonde quer chegar.
- É que os meus amigos se moldaram muito fortemente na idolatria
de seus antepassados. Agora, fico imaginando se você não levou
uma enorme vantagem convivendo uns tempos com os judeus mais
simples que acompanharam Joshua.
- Ah, Hannah, há muito já concluí que este ou aquele povo guarda
na memória apenas pedaços de sua história, quando, na realidade, é
tudo uma questão de imaturidade mesmo. Nós já vivemos tantas
vezes...
- Se eu conseguisse acreditar nisso, seria muito mais fácil para mim,
Cornélia. Mas eu não creio que vamos um dia morrer, e sair daqui
para depois recomeçar tudo novamente. Qual sentido haveria numa
Roda de Vivências?
- O sentido da Luz, Hannah, da amplidão. Você acha tão
importantes os feitos dos Gracos, dos Catões, dos Cipiões e dos
Tibérios?
Hannah pensou e comentou:
- Talvez... para a reconstrução dos impérios que...
- Que levaram criaturas e criaturas a desesperar-se? A se verem
isoladas, manchadas, perdidas nos valores que deveriam ser os da
construção sem violência? Pensa realmente, Hannah, que a maldade,
a brutalidade e a imposição são a maneira vista pelo Criador para
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