Clique aqui para baixar o livro no formato

A casa de barcos de Diomedes estava agitada. Após a refeição
noturna, os moradores do Solarium reuniram-se por lá, cada um
querendo oferecer seus préstimos para a padroeira dos navegantes.
Hannah distraía-se compondo flores miúdas em tecidos que
aprendera a tingir, e ia distribuindo essas flores em diversos matizes
nas fitas que, depois, seriam presas no barco do Konstantin. O que
se dizia “barco do Konstantin” era um veleiro pequeno, construído
por ele em madeira entalhada, e que seria ofertado na procissão
com o nome de Cornélia.
Ali, de conversa em conversa, Cornélia decidiu contar para Hannah
uma parte do que andava acontecendo com ela. Mas foram
interrompidas por uma velha senhora, Anúbia, responsável pelo
andamento perfeito do Solarium.
Cornélia não ficou sabendo até que ponto Anúbia a ouviu esclarecer
sobre suas visões de outras existências. Avistou nos olhos da velha
senhora uma sombra de medo? Ou, talvez, um toque de admiração,
por ter descoberto também um segredo seu? Anúbia assistira o seu
nascimento e tinha sido a primeira a carregá-la, após o parto, para
depositá-la nos braços de seu pai. Era serviçal do Solarium desde o
casamento de Diomedes com Branca.
Só mais tarde, bem mais tarde mesmo, Cornélia descobriu que
Anúbia fazia parte do rol das criaturas que buscavam o
conhecimento de fatos incomuns, como Cornélia e como Hannah
também.
25