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Alcançaram o sopé de uma montanha, quando a manhã já ia ceder
lugar para uma tarde mais ou menos aquecida. Mais ou menos,
porque o sol, vez ou outra, disputava sua presença com o vento
cortante. Quase ao meio-dia, alcançaram um platô que lhes permitia
descortinar, do alto, a beleza das águas do Tiberíades.
A parada para descanso foi aproveitada para se alimentarem um
pouco, recolocando as energias em ordem, porque o desejo mesmo
era prosseguirem sem se deter. Mas, dali onde estavam, Cornélia já
podia avistar escavações na rocha. Serviam de abrigos para criaturas
que precisavam de descanso nas caminhadas. Sabe-se lá se Yohanan
não os havia visitado, durante suas peregrinações por aqueles ermos.
Cornélia contou para Débora mais detalhes de sua visão sobre as
cavernas. - Estou certa de que não se trata deste local - ela
garantiu.
Depois de mais um repouso, alcançaram o patamar que Débora
procurava. Acima dele, a rocha mais parecia um ninho de aves. Era
toda perfurada e as cavernas se uniam entre si, por dentro, formando
um imenso lar. Ali, sim, contou-lhe Débora, havia existido um
núcleo de essênios e que era visitado por Yohanan. Fora ali que ela
o havia visto pela primeira vez, vestido em uma túnica branca. Ele
estava sendo convidado a seguir para o último estágio dos estudos
dos essênios e já reconhecia Joshua como Seu Mestre.
Os olhos de Débora iluminaram-se, quando disse francamente:
- Foi aqui, Cornélia, que entreguei todo o meu amor para um
homem que nem desconfiou da existência disto. Jamais pensei em
confiar para ninguém o que minha alma vibrou, quando o vi, feliz,
sendo abraçado por uns vinte ou trinta anciãos, das comunidades
essênias. Havia tanta felicidade nos olhos de Yohanan, que entendi
que meu Deus havia disposto algo muito diferente para mim: não
uma família, não filhos e nem a alegria do amor repartido entre um
homem e uma mulher. Ele era uma criatura especial. Um Anjo
mesmo - ela sorriu, embevecida.
- Meu Deus, você sofreu uma perda dupla, minha amiga - Yohanan
e Joshua!
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