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Treze
Enquanto isso, Cornélia, distante dali, entre a sonolência e o
despertar, sentiu-se, um dia, desligada do corpo. A sua primeira
impressão era que sua vida ia se esvair e que havia chegado sua hora
de ir ao encontro do Divino.
Não havia nela nem um resquício de medo. A visão que um dia
tinha tido da figura etérea e iluminada de Joshua, após a morte física
na cruz, ainda pulsante de vida e de regozijo, corroborava para seu
destemor.
Sentia-se leve, muito leve, como devem ser as asas das delicadas
borboletas que desfilam sua ambivalência pela vida, impulsionando
a parte física e, depois, transportando-se para seus reinos de
inumeráveis flores. A leveza do mundo dessas graciosas voadoras
se igualava certamente ao que usufruía naquele momento.
Deixou-se pairar, acompanhada da música que percorre os espaços,
e viu-se novamente como a menina do bastão.
Cornélia exultou. Sua memória espiritual voltava aos jorros e até a
fragrância inebriante do espaço que a circundava conseguia captar.
Viu-se num local, onde os jardins se assemelhavam a imensas
floreiras de cores indescritíveis, e junto de outras meninas a brincar
com seus bastões, à beira de um mar majestoso. Era dali que partiam
as músicas adoráveis que enchiam seu coração de paz.
Já acostumada com visões, e com o desligamento da alma, Cornélia
deixava-se levar, evitando até o movimentar forte do inspirar e
expirar. Soltava levemente pelas narinas o ar morno que a seu corpo
correspondia, certificando-se do bom relaxar.
Era a primeira experiência que chegava até ela, daquela maneira.
Seu corpo fluídico foi se soltando do corpo terreno, como se solta a
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