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Doze
Ao contrário do que havia parecido a Hannah, a princípio, a reunião
acabou apresentando um resultado inesperado e favorável.
Preocupada com as aflições demonstradas por Aurélia, depois que
ela narrou seus pesadelos, Otávia referiu-se a um recanto
paradisíaco para onde sempre se dirigia, quando se via assaltada por
ondas de medo e decepções. Convidou-as para ir até lá. Tinha sido
por muitos anos o seu lar, até a época em que se casou. Logo após
seu casamento, seu pai enviuvou e permaneceu na propriedade,
entregue aos encantos da beleza e do silêncio do local.
O pai de Otávia, Orígenes, era um homem que apreciava o colorido
daquelas glebas que se perdiam de vista. Seu maior prazer, no
entanto, era disputar com os ilustres romanos o conhecimento a
respeito das diferentes espécies humanas que habitam a Terra. E o
que ele fazia para isto? Tomava a seu comando uma centena de
escravos para servi-lo, mas só comprava os que tinham origens
variadas. Ia, dessa forma, rodeando-se da “cultura primitiva”,
conforme costumava dizer. Talvez fosse a maneira preferida por ele
para sentir-se o maior representante entre os romanos. Um
excêntrico aquele homem!
É verdade, o imenso número de escravos adquiridos por ele, com a
variedade de pensares dessas pobres criaturas abatidas em sua
liberdade pelo “mandato” do pai de Otávia, constituía o maior
orgulho e a principal excentricidade de Orígenes.
Mas havia outras. Sua casa era riquíssima em obras de arte. Assim
como colecionava diferentes espécimens humanos, ninguém
conseguiria enxergar na vivenda dele um determinado estilo na
decoração. Mas não se podia negar que era um excelente apreciador
das belezas produzidas pelos homens. Pela residência se viam
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