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Trinta e Cinco
Era belíssimo o espetáculo noturno, quando centenas de criaturas
acendiam suas lamparinas dentro das tendas e as silhuetas se
desenhavam em movimentos tranqüilos, na meia obscuridade,
preparando-se para o descanso de mais um dia. Crianças, jovens,
velhos, mocinhas silenciosas, e até garotos impetuosos quebrando o
silêncio da noite com seus risos cristalinos.
Uma alegria imensa se manifestou em Cornélia, que começou,
então, a captar o novo sentido que a vida lhe entregava.
Embora na presença de estranhos, ressoava em seu coração,
claramente, o significado de alguns ensinamentos de Joshua,
principalmente o que se referia ao amor universal.
Então amar é isto, ela pensou. É buscar a compreensão de tudo, e
sobre todos, mesmo que seja assim, ao lado de estranhos, e
permitindo que chegue até nós a carícia de dividir e de compartilhar.
Estou percebendo que algumas dessas pessoas tentam se aproximar
de mim, sem o interesse de saber, ou não, se eu leio nas mesmas
linhas da crença que eles seguem. Vejo que eles me olham
prazerosos, explicam-me o que preferem ou falam do que gostam,
sem que em um ínfimo momento sequer me convidem para
compartilhar daquilo que é necessário apenas para eles. Com isto,
sinto-me integrada no mundo dos essênios e nem preciso expor
para eles o que o "meu Deus" fala por mim.
Ah, é adorável a sensação que este lugar me traz! Cornélia
continuava a refletir, num arrebatamento cheio de calor.
Olhou para o céu que, em contraste com a escuridão da noite,
assemelhava-se a uma cidade iluminada, com estrelas reluzindo em
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