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sorriu e movimentou os longos cabelos, que lhe lembravam chamas
mescladas de ouro e rubi.
Timóteo nem pôde responder, porque diante dele logo surgiu uma
figura diamantina: um homem. Ele lhe lembrava as noites
enluaradas, brancas e azuis, porque a roupa era um composto dos
dois tons. Com sorriso gentil, comentou: " Timóteo, estou certo de
que vai ser feliz. Cuide de sua ama. Nós o aguardaremos lá no
Santuário".
Tudo se processou tão rápido, que num piscar d´olhos nada mais
viu. Apenas a noite se acendia, porque os primeiros claros do sol já
se projetavam de novo pela Terra e começavam a alegrar as aves,
que se punham a marcar suas presenças em seus ninhos.
Timóteo voltou os passos, dirigiu-se para seu quarto e completou
aquela estranha noite com um assombro bem maior: viu o seu corpo
físico estendido no leito, num ressonar tranqüilo.
Não desconhecia as possibilidades que têm as almas de se
locomoverem para onde queiram, no descanso do sono. Sua visita
ao barracão de Numério, portanto, não tinha sido intencional. Sua
alma tinha sido atraída para aquele local.
Permaneceu alguns minutos a observar o invólucro físico que lhe
permitia o aprendizado da vida pela Terra e, sem qualquer sombra
de medo, notou que de seu corpo saía um cordão prateado e
brilhante, que se ligava a ele. Pensou contente: "Que bom que este
fio nos protege e nos faz voltar. Para ver de novo aquela belíssima
criatura, eu seria capaz de fugir muitas vezes ou até desejar
permanecer no espaço feliz que a ela pertence". Depois concluiu:
"Pensei inúmeras vezes que nasci para ser escravo, mas agora
descubro que jamais o fui. Não tenho grilhões".
Não soube como foi que se acoplou de novo ao corpo, mas dormiu o
sono dos justos.
Trinta e Um
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