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Vinte e Sete
A hospedaria parecia uma embarcação ancorada no meio de denso
nevoeiro, quando a manhãzinha abriu os olhos sonolentos e sorriu
para a continuidade da vida.
Zínia, que era uma serviçal sempre atenta aos chamados de
Cornélia, visto que havia levado sua existência enfronhada em lides
domésticas, pouco havia adquirido das sutilezas que vão
impregnando o mundo social dos homens.
Suas armas principais eram o coração gentil e a temperança. Seus
sonhos não ultrapassavam o desejo de servir, servir e mais servir.
Entre ela e Cornélia vinha sendo ampliada uma aliança que poderia
se manter infinitamente, se não surgissem armadilhas que a vida vai
colocando diante de todos para serem desarticuladas.
E a única que poderia deter os passos de Zínia era a ambição, mas
uma ambição não moldada nos sonhos de grandeza e nem voltada
para a aquisição de bens materiais: a de construir seu próprio lar.
Talvez nem se possa utilizar este termo - ambição - para
caracterizar o sentimento de uma criatura daquele feitio.
Desde menina, Zínia vinha servindo gente de posse, famílias de
classe média e até de lares onde crianças eram abandonadas pelas
mães, devido à indiferença com que essas mulheres construíam suas
trajetórias de mães ou esposas. Em nenhum desses lares em que
Zínia havia servido, morava a serenidade do casal, ou dos próprios
filhos dos quais ela cuidava.
Talvez por isso, naquela ocasião Zínia vinha sonhando com um lar
seu, que ela manteria na alegria e na temperança, naturais para seu
coração bem formado. Se porventura brotasse uma chama em seu
coração, diante de um rapaz modesto e gentil, Zínia seria capaz de
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