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pelo menos ele assim afirmava, com um sorriso mais branco do que
as açucenas que enfeitavam os vales daqueles arredores.
Seu nome era tão estranho, que Cornélia pediu licença para chamálo
de Hermes, por causa do rosto enigmático e pelos mistérios que
costumava ver nele e ouvir também, quando o negro se apoderava
de uma flauta e se punha a tocar. Suas melodias exóticas e
pungentes faziam com que Cornélia com ele brincasse, chamando-o
“o mago do amor”.
O negro sorria, sorria, encantava-a, conseguindo facilmente
apoderar-se da amizade daquela jovem que, para ele, representava
um ramo de mulheres já desaparecidas do mundo desde a época de
Noé.
Quando Hermes dizia isto para ela, Cornélia estremecia, porque não
gostava nem de imaginar se havia pertencido a esses reinos que ela
considerava desventurados para os habitantes da Terra.
Hermes a acompanhava como se fosse sua sombra, ou, talvez, como
se fosse o próprio sol perdido naquele ocaso da vida, porque ele lhe
dizia tristonho que o Homem Peixe já estava junto deles, para tudo
mudar.
Aquela afirmativa de Hermes era sentida por ela como se uma
estocada bem funda de espada lhe atingisse o corpo, levando-a até
às lágrimas, que passaram dali em diante a ser uma constante na
moça. E, naqueles instantes de choro sentido, o negro sentia-se
atarantado, prometendo-lhe que a faria mudar, que nem que lhe
custasse o último alento tentaria fazê-la sorrir, ou cantar como os
rouxinóis que um dia ela havia ganhado de um rapazinho e até se
havia esquecido. Cornélia balançava a cabeça, considerando-o
muito imaginativo, embora leal.
A presença de Hermes era o maior tesouro que a vida lhe vinha
oferecendo naquele instante e naquela época em que as mãos
mágicas de um Criador diferente iam passar a comandar.
Certa vez, atarefada nos cuidados da casa e distribuindo deveres
para a serva Zínia, ouviu o soar de um instrumento desconhecido
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