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conta não é o nosso. É o do Criador. E o tempo do Criador - estou
aprendendo isto - nos entrega motivos e tarefas para que nos
encontremos. O motivo dessa adorável criaturinha é o amor por
você. E o meu é mostrar para você, Simeão, que cuido de uma
criança que lhe pertence, ou melhor, que lhe é ligada por um afeto
imorredouro.
Simeão emocionou-se. Na solidão de seus caminhos, dedicado a
trabalhos que lhe cobravam inúmeros sacrifícios, via-se de repente
presenteado com a aparição de um filhinho - uma alma amorável
ligada a ele por sentimentos desinteressados, pelo amor
incondicional.
Abraçou-se ao garoto e não estranhou, ao reconhecer que não era
um corpo físico que abraçava. Como um essênio estudioso das
possibilidades terrenas de cada ser, entendia perfeitamente que ele
próprio se havia desdobrado, para ganhar em seus braços aquela
alminha que também se prendia ao corpo físico pelo cordão
prateado. Todos os três, ali, recebiam de Deus a oferta magnífica da
vida em comunhão, ainda que participantes de trabalhos e
aprendizado em cenários diferentes.
Embargado pela ternura, ouviu do garotinho:
- Não chore, meu pai. Débora me disse que agora a gente vai poder
se encontrar muitas vezes. Na próxima, vou trazer para o senhor ver
os desenhos que gosto de fazer. Eu acho que o senhor vai gostar.
Débora acercou-se do garoto, colocando-se de joelhos para estar
mais próxima, e pediu:
- Agora, Rúben, diga-lhe a palavra que já sabe, porque já vamos
partir.
- Shalon! - ele atendeu, e deu a mãozinha para Débora, sorrindo e
olhando para trás, enquanto se afastavam.
A lua fizera-se maior? Ou era a impressão do coração de Simeão
que a agigantava? Ele permaneceu sentado num banco de pedra, até
asserenar-se. Depois, prometeu-se que contaria a Débora o
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