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Quarenta
Flavius afastou-se de Qumran com as palavras de Débora ressoando
em sua alma. Pela primeira vez, fora tocado pela voz do amor.
Desejava revê-la. Mas para um homem para quem o amor era quase
como um sinônimo de submissão, ou de rendição, a dor que o
atingia era quase insuportável.
Débora guardara da presença daquele homem um sentimento de
carinho e, ao mesmo tempo, de angústia. Logo que Flavius se
afastou, disse a Nathanael:
- Não sei lhe dizer a razão, mas sinto que este oficial se encontra no
limiar de uma fronteira perigosa. Como poderíamos ser de valia
para ele?
Nathanael esclareceu:
- Existem pessoas que precisam aprender a amar, ou entender,
também, que existe o amor incondicional, Débora. Outras se
mantêm presas ao racional, porque acreditam seriamente que amar é
fraqueza. O que poderia um homem oferecer a uma mulher que se
recusasse a seu comando?
Notando que a jovem permanecia cheia de ansiedade, continuou:
- Por que acha que o Messias veio até nós? Apenas para
especularmos sobre o amor, ou para exemplificá-lo, minha amiga?
Cada um tem nas mãos o direito de dirigir a própria escolha. Nós só
conseguiríamos ajudá-lo, se ele quisesse. Mas tenho para mim que
ele só vai permitir isto, quando descobrir o que é a estrada da
solidão. Deixemos que o Messias ponha nele a Luz.
Agora tenho uma proposta para você e Cornélia. Nessa semana,
dediquem-se a seus afazeres com intensidade. Na próxima lua nova,
vamos conhecer uma das comunidades freqüentada pelo Messias.
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