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- Aurélia, vamos fazer um jogo, aqui e agora - propôs Celeste
cordialmente. - Um jogo no qual nenhuma de nós precisa ganhar,
porque a realidade dele será apenas a composição de uma imagem.
Se você fosse esculpir uma estátua, o que faria antes de tudo?
- Escolheria de quem, evidentemente - respondeu Aurélia,
desapontada.
- Qual seria o passo seguinte?
- Esculpiria o corpo.
- De homem ou de mulher não importaria? Ou haveria diferenças?
- A princípio não - ela relutou.
- Pois bem. Suponha que escolheu uma estátua de homem. O que
faria após esculpir a forma masculina?
- Colocaria as vestes.
- Ótimo. E acredita que as vestes seriam muito importantes na
aparência do conjunto?
- Não. Acho que o conjunto todo é que apresentaria a harmonia da
estátua. Nada adiantaria ter muitos cuidados com a roupa, se os pés,
as mãos, as pernas, o tronco e o rosto estivessem sem boas
proporções.
- Excelente, Aurélia. Você entende, então, que a harmonia ou do
homem ou da mulher está no Todo e não nas partes, não é assim?
- Claro! Mas o que é que este jogo vai realmente me revelar,
Celeste?
- Apenas que para o Criador só um Todo integrado é belo. As
dissenções, as lutas e as disputas resultam na desarmonia do mundo.
É por isso que este amigo escultor de Lélia e tantos outros tentam
uma integração entre as partes. Eles pegam as armas para defesa,
não para a destruição. Se as empunhassem para destruir, não seriam
verdadeiros criadores da beleza para o Criador.
- E daí, Celeste? - ela redargüiu amuada.
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