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Mas você e seus filhos são criaturas de cultura e de boa cepa,
Aurélia.
- Eu sinto muito medo...! Sinto como se lá fosse acontecer o mesmo
que se deu por aqui. Até quando vamos precisar ouvir a história
desse judeu que dizem que veio para cá para tudo mudar? Pensei
que a morte dele acabaria por aqui. Mas não. Estou sempre ouvindo
os meus servos comentarem que ele era o filho do Deus e que... - ela
voltou a soluçar. Mas nós não tivemos nada a ver com aquilo, não é
mesmo, Hannah?
A amiga abraçou-a.
O que sucedia com Aurélia era o mesmo que vinha se passando com
os habitantes daquele território. Sempre inserida nos meios
políticos, ela acreditava que os chefes e mesmo os subordinados dos
graúdos, até então limitados a fazer com que o andamento dos
povoados fosse entregando alimentos, tarefas, condições de
sobrevivência, etc. etc., não deviam se ocupar muito para entender o
que se passava na alma de cada um. Bastava-lhes que a máquina
administrativa funcionasse, bastava-lhes que houvesse lucro e
crescimento material, porque isto resumia tudo para eles.
Acontece que algo começava a se inserir, a brotar sutilmente nos
corações e mente das pessoas. Até a paisagem principiava a
provocar em cada um o “desejo de descobrir algo a mais” – e isto
referente ao coração.
E não sucedia só para ela. Senhores do exército, soldados, donas de
casa, prostitutas, neófitos, escravos, judeus, romanos, árabes, todos,
enfim, não deixavam de captar uma expectativa diferente na
maneira de viver, uma certa ansiedade de conhecer um outro lado do
mundo – o do Reino tão propalado por ali por Joshua. Só que isto
era tão imperceptível para alguns, como o era para um nãometeorologista
prever que ia chover.
Crianças, senhoras, velhos, jovens, paralíticos, endemoninhados,
todos sentiam a presença quase mágica de que uma Aurora Bendita
iria se expandir entre eles. Para alguns, isso trazia, já, a presença da
alegria com uma renovação interior. Para outros, era como se o
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