UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS ... - FAE - Uemg
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situações” (VASCONCELLOS, 2002, p. 79), observei, no segundo bimestre letivo do ano de<br />
2011, as aulas do professor Yuri. Como as aulas compreendiam tanto o turno da manhã como<br />
o noturno, pude perceber que algumas estratégias de ensino, adoção de metodologias,<br />
escolhas e opções pedagógicas ora tinham diferenças significativas entre os turnos, ora eram<br />
similares, independente do turno em que o professor lecionava.<br />
Ao iniciar a análise da prática docente desse professor, destaco o tempo na docência. Na<br />
profissão há menos de 3 (três) anos, seu habitus profissional se encontra ainda em processo de<br />
constituição 22 . Quando indagado, na entrevista realizada, sobre o auxílio de colegas de<br />
profissão no início da carreira, o professor afirma ter recebido essa contribuição de outros<br />
docentes. Segundo Yuri,<br />
Tinha alguns colegas que estavam formando comigo, se inserindo no<br />
mercado, se inserindo na docência. E, tinha um professor amigo meu que<br />
dava aula também no Ensino Médio e me ajudou bastante com materiais,<br />
tentar me mostrar alguns atalhos que eu encontraria de dificuldades,<br />
facilidades.<br />
A ajuda de colegas mais experientes nesse momento da carreira pode contribuir e influenciar<br />
muitas trajetórias profissionais, pois, para Charlot (2005), o sujeito se constrói pela<br />
apropriação de um patrimônio humano e pela mediação do outro. Portanto, é preciso levar em<br />
consideração o sujeito na singularidade de sua história e nas relações que estabelece com seus<br />
pares. Além disso, Tardif (2002) defende que devemos reconhecer-nos uns aos outros como<br />
pares iguais que podem aprender uns com os outros. Vale lembrar outros estudos que também<br />
já sinalizaram nessa direção, afirmando que “outros profissionais da escola e professores são<br />
apontados como facilitadores deste processo de superação das dificuldades iniciais”<br />
(NASCIMENTO, 2007, p. 71). Pensamos, então, que esse auxílio no início da carreira é de<br />
muita valia, pois<br />
[...] a adoção de estratégias no fazer docente é advinda de um conjunto de<br />
vivências e experiências, como qual o sujeito docente se identifica, seleciona<br />
e referenda os conhecimentos necessários para a sua atividade diária [...]<br />
conscientes de que sua prática é resultante de uma tessitura de situações de<br />
formação e de vivências pessoais e profissionais (SILVA, 2009, p. 216).<br />
22<br />
Isso não significa que o professor não tenha um habitus docente. Concordo, assim, com Tardif (2002, p. 261)<br />
que os primeiros anos da prática profissional são decisivos para adquirir as competências e estabelecer as rotinas<br />
de trabalho.<br />
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